Mostrando postagens com marcador zé do Egito. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador zé do Egito. Mostrar todas as postagens

19 maio, 2010

Reverendo Getro Camargo da Silva

Por Pastor José do Carmo da Silva

Reverendo Getro da Silva Camargo um dos tais, que combateu o bom combate, completou a carreira, guardou a fé e nos antecedeu a Pátria Celestial
E o Pastor Getro não podia parar... Razão pela qual Deus o tomou para si.

“Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.” Apocalipse 14: 13

Telefonemas no meio da noite quase sempre trazem noticias tristes após o som estridente que nos tira assustados da cama. Estou escrevendo este artigo, após vivenciar tal situação. A razão deste artigo é comunicar a todo o Povo chamado Metodista, que o Reverendo Getro da Silva Camargo, após combater o bom combate, completar a carreira e guardar a fé, foi chamado a presença do Senhor" (II Tm 4:7). Dias atrás a pedido dele escrevi o relato sobre o VI Encontro de Homens e Mulheres Metodistas ocorrido em São Gabriel do Oeste - MS. Nesta noite, tomado pela tristeza e já sentindo saudades daquele que foi instrumento de Deus para me trazer para o ministério pastoral, em meio a lágrimas esforço-me para noticiar sua súbita morte, possivelmente conseqüente de um ataque cardíaco, a caminho do hospital em Dourados.

03 maio, 2010

Faca de Prata quebrada e uma lição sobre graça e misericórdia

Dos muitos fatos ocorridos em minha infância, marcada pela pobreza e constantes mudanças de casas, pois nos faltava à própria, fulgura um acontecimento que ainda hoje me emociona. Considero-o, a maior lição prática sobre graça e misericórdia que vivi. O mestre que me deu tal lição foi meu pai, um negro baiano e analfabeto que mal sabia desenhar as letras do próprio nome.

Meu pai, Luis Zacarias da Silva, certa vez contou-nos que saíra de casa quando tinha dezesseis anos. Fora embora, após uma violenta surra que recebera de seu pai. Mostrou-nos, em suas costas as marcas das chicotadas, conseqüência de uma punição que recebera ao ser acusado pela madrasta de ter enfrentado-a. De outra feita, já havia sido severamente surrado, sob a alegação de que dava maus exemplos aos mais novos, os quais já não queria obedecer às ordens daquela que ocupara o lugar da falecida mãe deles.

Após três dias tendo as chagas e os vergões lavados com salmoura por sua irmã Maria do Carmo, sentindo-se recuperado pegou o pouco de roupas que possuía e ao chegar ao portão ouviu de seu velho pai:
- Luis, se você atravessar aquele portão, esqueça o caminho de volta, esqueça que tem pai!

Diante de tais palavras, meu pai de costas para meu avô, olhando para a estrada respondeu:
- Perdi meu pai, a partir do dia em que ele passou a me surrar como se surrava escravos fujões na época da escravidão! Escravos... Na verdade é o que eu, a Du Carmo e os meninos nos tornamos, desde que a mãe morreu e o senhor se casou de novo. Faz tempo que o senhor já não nos trata como filhos! Para o senhor, nós sempre somos os errados! Trabalhamos de sol a sol em casa e na roça e por qualquer coisa apanhamos. Eu só quis defender a Do Carmo, porque já fazia horas que sua nova mulher estava batendo nela, devido o chão que ela disse que não estava bem limpo. Mas, o senhor sequer quis ouvir nossas explicações...

O velho interrompeu dizendo:

15 dezembro, 2009

Possuído pelas posses e vazio da Graça - Por José do Carmo da Silva


E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda?


Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.

Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens. Mateus 19. 16.22

A narrativa acima, estampa o questionamento existente nos corações de muitas pessoas, “o que fazer para ganhar a vida eterna?” A mesma narrativa se encontra também no capitulo 10, 21 do Evangelho de Marcos, porém com pequenas diferenças. Dentre essas sutis diferenças, na narração mateana, destaca-se na pergunta do jovem rico a seguinte citação: o que eu farei de bem, para herdar a vida eterna? Em algumas versões como a Almeida Revista e Atualizada, lemos: o que eu farei de bom, ao invés de bem. Na narrativa de Marcos, a pergunta do Jovem rico é: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

Refletindo sobre o texto, conclui que, aquele jovem abastado, possuía muitas coisas em comum com muitas pessoas religiosas hoje. Dentre elas, as mais flagrantes são: Incerteza da salvação e incompreensão da graça de Deus.

Apesar de ser uma pessoa que diligentemente observava os mandamentos citados por Jesus, no coração daquele jovem que desde cedo aprendera o bê-á-bá da religião judaica, existia uma pergunta que não calava: “que destino terá minha alma, ao findar o labor dessa vida?” A dúvida quanto à salvação era a força motriz dos atos daquele jovem, todas as ações dele emanavam do medo de não ser salvo, isso o deixava em constante crise movendo-o numa busca doentia pela perfeição. Tal busca pela perfeição fez com que se destacasse sobremaneira dentre os de sua idade, superando a todos, pois tudo fazia com primazia, sendo o mais zeloso discípulos dos fariseus. Seus mestres orgulhosos por sua disciplinada observância da Lei em todos os seus pormenores, sempre o elogiavam, colocando-o como exemplo a ser seguido pelos demais jovens discípulos.

Mas, o que seus mestres e amigos não sabiam é que ele vivia em crise, pois apesar de todas as práticas religiosas, não sabia se era nascido de novo. Muitas vezes, ele desejou levantar a mão na sinagoga e abrir seu coração, mas tinha vergonha de fazê-lo, afinal era um jovem de destaque na sociedade farisaica, filho de rabino, como poderia titubear em questão de tamanha importância no campo da fé?

Sua precoce e perfeita observância dos mandamentos, fez com que ele se tornasse líder da MOFAJ. Mocidade Farisaica Judeiana. Ocupar tal posição, o angustiava mais ainda, afinal era um líder e não podia deixar transparecer dúvidas, pois precisava demonstrar para a juventude da Judéia que sua observância dos pormenores da religião se baseava na certeza de que já estava trilhando o caminho da salvação e não que ainda estava tentando encontrá-lo. Não podia manifestar suas dúvidas, pois seu pai o rabino Faleg, Al, ismo, com quem aprendera desde cedo a observar a Lei, esperava um dia tê-lo sucedendo-o na condução da sinagoga.

Diante do status social, da responsabilidade como líder da MOFAJ e das expectativas ministeriais do pai, expor sua insegurança no tocante à salvação seria desonrá-lo, portanto a solução era se calar e caminhar, pois fazer isso depunha contra um dos mandamentos que mais primava em observar: honrar pai e mãe.

Por se destacar diante dos de sua idade no tocante ao conhecimento e observância da Lei, fora convocado pelos fariseus veteranos, para juntamente com eles colocarem Jesus a prova. Os mestres foram primeiro, e ele decidiu ficar ao longe, entre a multidão, assistindo como seus professores agiam. Contudo, ao ver como Jesus desmontou os estratagemas deles, ao tentarem fazê-lo negar a Lei de Moisés com a questão do divórcio, pela primeira vez, passou-lhe pela cabeça, que muitas das coisas que aprendera e observara desde sua infância, poderia não ser como realmente lhe ensinaram. A maneira como seus mestres foram silenciados por Jesus, o rabino marginal de Nazaré, no tocante a indissolubilidade do matrimônio e a razão da liberação do divórcio por Moisés, levou-o, a perceber que seus mestres não possuíam sólidos conhecimentos de ensinos rudimentares da Torá.

Ao ver seus mentores saindo derrotados mais uma vez, pelas palavras de sabedoria que vinham da boca do humilde carpinteiro, o jovem rico sentiu que aquele era o momento, tomou coragem e se aproximando perguntou: - Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?

Jesus, já de inicio, desmonta um conceito sobre o qual o jovem se firmara, declarando-lhe que ninguém é bom se não, aquele de quem procede toda bondade, diante de quem a justiça humana é um trapo de imundície, na narrativa de Marcos, Jesus reagiu respondendo-lhe: - Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus.

Fica claro nas palavras de Jesus, a resposta no tocante a conseguir a salvação, pois sendo Deus bom, a salvação só poderia ser fruto de um ato gratuito dEle, independente da ação humana (Ef. 28). A salvação é uma dádiva fruto da perfeita obra consumada por Cristo no Calvário. No tocante a ela podemos acolher o que diz Tiago: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das Luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” – Tiago 1: 17.

O jovem não respondeu a indagação de Jesus, sobre o porquê lhe chamara de bom mestre, pois o que ele aguardava ansiosamente era a resposta sobre como obter a salvação. O chamar Jesus de bom mestre, foi apenas uma introdução para tão somente apresentar a questão que lhe era crucial. E Jesus, que sempre levava seus interlocutores a pensarem, segundo a narrativa de Marcos, responde a pergunta com outra pergunta:- Sabes os mandamentos?

Diante de tal pergunta, o jovem, sentiu-se seguro no caminho que trilhava, afinal, não só sabia os mandamentos, mas desde a sua infância os observava meticulosamente, tendo-os aprendido desde cedo com seus pais e aperfeiçoado o aprendizado com os rabinos, dentre eles Nicodemos, um dos mestres em Israel. Contudo, sua segurança duraria pouco. Pois, assim, como ele usou de uma introdução com Jesus, para chegar ao âmago de sua questão, Jesus perguntou introdutoriamente sobre o conhecimento dos mandamentos, para responder a ele, o que realmente lhe era preciso para alcançar a salvação.

Outro diferencial entre as narrativas de Marcos e de Mateus, é que segundo Marcos, diante da resposta do jovem discípulo de fariseu, Jesus fitando-o, o amou. Jesus ao fitar e amar aquele jovem viu seu ser possuído pelas posses. Enxergando nele um vazio da graça, decide então levá-lo a uma auto – libertação, indo direto na cadeia - mor que o acorrentava, disse-lhe: - Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.

A resposta de Jesus, penetrou os ouvidos do jovem discípulo de fariseu, pois, nela veio não só a resposta de como obter a salvação, mas a perfeição verdadeira. Porém, aquela resposta petrificou-lhe a alma, deixando o emudecido, pois para consegui-la, o Mestre Nazareno impôs-lhe um preço: renunciar a seus muitos bens materiais. Ficou claro também que a salvação, não resultava de obedecer aos mandamentos como zelosamente fazia, mas sim de seguir a Cristo. Isto significava não só desfazer-se de seus bens materiais, mas também de seus preceitos e preconceitos, abrindo mão de sua confiança na Lei, seguindo a um homem que comia e bebia com pessoas consideradas imundas, ao qual seus mestres haviam chamado de, obreiro de Belzebu o maioral dos demônios, glutão e beberrão de vinho, amigo dos publicanos e pecadores. (Mt 12, 24 e 11. 19)

Àquele jovem, estava prestes a conseguir verdadeiramente aquilo que falsamente demonstrou ter para as pessoas, a perfeição. Ao observar rigorosamente a lei, passava a idéia que ele era perfeito, em suas crenças e práticas. Agora, confrontado por Jesus, vê-se diante da possibilidade de alcançar a verdadeira perfeição.

A obtenção da perfeição, que rigorosamente buscava por meio da observância da Lei, estava diante dele, contudo, para alcançá-la, ele precisava antes desfazer-se daquilo que lhe possuía, a riqueza, sim, pois ele estava firmado sobre ela, nela estava o coração dele.

Naquele momento, o silencio tomou conta da multidão, e, em seu interior, o jovem lutava, entre o ter e ser. Entre ter os bens materiais e continuar angustiado pela incerteza da salvação pessoal, e ser capaz de desapegar-se dos bens que o amarravam se tornando servo de Cristo.

Porém, julgou ser muito alto o preço da perfeição, e escolheu continuar servindo as riquezas.

Ele não foi capaz de tomar uma atitude tal qual tomou Francisco de Assis, o qual compreendeu que é: “dando que se recebe e que somente morrendo para os bens deste mundo, se é possível viver para a vida eterna. Francisco de Assis ao entender que no servir a Cristo, existe riquezas maiores do que as materiais, abriu mão de sua herança indo viver entre e para os pobres.

O jovem rico precisava ter lido o que nos ensina Tomás de Kempis em, A Imitação de Cristo:
“Procura, pois desapegar teu coração das coisas visíveis, porque os que seguem os atrativos dos sentidos, mancham sua consciência e perdem a graça de Deus.”

Ele poderia ter agido assim como João Wesley, que após um ministério abençoado, ganhando o máximo possível, economizando e doando o máximo possível, morreu pobre deixando "uma grande estante cheia de bons livros, uma toga pastoral bastante usada, um nome escarnecido, e a imensa família metodista espalhada pela Inglaterra e diversas partes do mundo. João Wesley morreu desprovido de bens matérias, mas locupleto de tesouros nos céus. Sem procurar ficar rico, acabou ficando, mesmo já seguindo a Cristo, foi capaz de aceitar o desafio feito ao jovem rico. Sobre isso declarou:
“ Alguns livros alcançaram venda superior as minhas expectativas, e com ela fiquei rico sem querer. mas nunca quis ser rico, nem me empenhei por isso. Como tal fortuna, porém, veio-me inesperadamente, não cumulo riquezas sobre a terra, nem entesouro absolutamente nada para mim. Meu desejo e propósito são distribuir de graça o saldo do fim do ano... minhas próprias mãos executarão a distribuição dos meus bens".

E para que ninguém diga que não citei a Bíblia, digo que o jovem rico se tivesse aceitado a proposta de Cristo, poderia ter sido um exemplo para Saulo, outro zeloso jovem fariseu que mais tarde se encontrou com Jesus no caminho de Damasco. Ao ser encontrado e confrontado pela graça no caminho, abandonou a rígida observância da Lei para seguir a Cristo, tornando-se o apóstolo dos gentios, ensinando aos discípulos de Corinto, que no ato gratuito de dar reside uma justiça eterna. Sim, o antigo discípulo de Gamaliel, um dos mais ferrenhos observadores do judaísmo farisaico, tornou-se o arauto da graça, passando a chamar-se Paulo, e por ter compreendido o valor do desapego declarou: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre. (2. Cor 2.9).

O jovem poderia ter aprendido com o próprio Jesus de Nazaré que disse: “Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo.” (Lc 6. 38)

Apesar das pequenas divergências entre Marcos e Mateus, na narrativa do diálogo de Jesus com o jovem rico, ambos concordam que o jovem optou em agir diferente de Paulo, de Francisco e de Wesley. Diante da proposta de Jesus ele, retirou-se triste; porque possuía muitos bens. Retirou-se e seguiu seu caminho, possuído pelas posses, apegado a elas, e elas, apegadas a ele. Embrenhou-se na multidão, calado, em silêncio, contudo, a pergunta angustiante que se recusava a calar no interior dele, já não era: o que fazer para conseguir a salvação? Mas sim: como se libertar daquilo que lhe privava da salvação? O que lhe privava de ser perfeito e salvo não eram os bens em si, mas seu desordenado amor e apego a eles.

Paulo diz que, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores (I Tm 6. 10 ). O jovem rico virando as costas para a Graça lhe manifesta na proposta de Jesus, sumiu em meio à multidão, seguiu rico materialmente, mas miserável no tocante a eternidade, pois não teve coragem e tampouco fé para desapegar-se dos bens transitórios. “Partiu vazio da graça, sem se dar conta que o que recusou foram coisas eternas que, Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam.” 1 Cor 2:9

Muita gente, desde clérigos a leigos, dentro das igrejas cristãs estão possuídas por suas posses. Tais pessoas precisam de libertação. E, esta libertação não poderá ser feita por outra pessoa, pois o exorcismo dos bens materiais que possuem a alguém, não pode ser feito por outro, senão pelo próprio possuído, que numa decisão entre o material e o espiritual, o efêmero e o eterno, usando de seu livre arbítrio, tocado pela graça, deve diferentemente do jovem rico agir assim como Zaqueu, que ao receber Jesus disse: “ Senhor, resolvo dar aos pobres a metade de meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém,restituo quatro vezes mais.” (Lc 19.8).

Será que, depois dar cinqüenta por cento dos seus bens aos pobres e usar o restante para restituir quatro vezes mais a quem defraudará, teria sobrado alguma coisa para Zaqueu? Creio que não. Penso que ele se tornou pobre dos bens que desonestamente acumulara, mas rico em tesouros nos céus, pois escolheu o bem que não perece, o qual é a salvação, escolheu a melhor parte que não lhe foi tirada.

A libertação da possessão das posses, só pode ser efetuada mediante uma auto-libertação, que ocorre diante da proposta de Jesus, que disse: Não podereis servir a Deus e a mamom. (Mt. 6.24). E dando segurança a quem pela fé nEle e em sua sustentação aceita se auto-libertar, declara: Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. (Mt. 6. 31 a 34)

Concluindo, eu penso que para Jesus, o mal não estava e nem está em possuir bens, mas sim em ser possuído por eles, e aquele jovem estava possuído pelas posses que tinha. Ele não possuía as posses, mas as posses o possuíam. Ele não tinha as coisas, antes, as coisas o tinham. Tiago diz em sua epistola: A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo. Ser religião pura e sem mácula é ser religião perfeita, gozando da perfeição que o jovem rico não quis abraçar por estar possuído por suas riquezas. Ele recusou a perfeição, porque sua obtenção requer de quem a busca verdadeiramente: despojamento, desapego, renúncia a tudo aquilo que fora de Cristo se torna segurança.

Nestes tempos em que outro "Evangelho" anuncia mais o ter do que o ser e coloca a pobreza como sinal de falta de fé, ou resultante do estar em pecado ou sob maldição divina, e se reivindica para os pseudos sacerdotes as primícias assim como se fazia no já caduco sacerdócio araônico, é preciso que tenhamos cuidado. É preciso vigilância, pois Jesus o atual e eterno sacerdote disse em sua Palavra, que, devemos dar aos pobres para que então possuamos um tesouro nos céus e não aos abastados pregadores da prosperidade para que tenhamos bens na terra. Seduzidos por tais ensinos, muitas pessoas apegadas às riquezas que já possuem, buscando mais ainda, ou tentando adquiri-las, estão deixando de dar aos pobres, acumulando assim tesouros na terra, mas perdendo os céus.

Pr. José do Carmo da Silva. (Zé do Egito)
Igreja Metodista em Fátima do Sul - MS.

08 dezembro, 2009

Oração de um cristão preocupado II. O lamento continua. (Pr. José do Carmo)




Pai, noite passada na Oração de um cristão preocupado, paramos nossa "oraprosa", e, eu falei que ainda ia dizer como os pobres são tratados hoje. Senhor, pelo que andam pregando em púlpitos e escrevendo em determinadas Bíblias de estudos, a pobreza é uma maldição, tão logo Jesus não serviria para nascer e morrer nesta geração.


Pois, os pobres estão perdidos, são todos amaldiçoados.
Ensinam que a pobreza é escravidão, que leva muitos a depressão,
Mas, profetizaram que o Senhor vai por fim nessa maldição sem igual;
Liberando dos altos céus, uma unção financeira especial.

Pai, a confusão é grande e ai de quem ousa denunciar!
Pois os próprios crentes dizem: “não podemos julgar!”
Pregando a Palavra, o que manda é Jesus anunciar!
Cada um dará conta de si, ai de quem no ungido do Senhor tocar!
O povo sem conhecimento, seduzido pelas promessas de prosperidade.
Sacrificam até o que não tem nas “fogueiras” santas das vaidades.
Mas, Pai, não é obrigação do/a pastor/a zelar pelo rebanho que o Senhor confiou a ele/a? Não é dever dele/a alertar que pode haver "colocíntidas" nestes "pastos" oferecidos via ondas de TV? E que a morte por meio de doutrinas erradas pode estar na tela, assim como esteve na panela dos discípulos dos profetas?

Pai restauraram os sacrifícios, mas hoje não se sacrifica animais, mas sim o carro, o cartão de crédito, a gargantilha e o anel de ouro, o salário do mês, tudo isso sob a promessa de "restituição", e os que não receberem de volta o dobro, o triplo, o cêntuplo, é por que não tiveram fé o bastante, sacrificaram pouco, estavam em pecados ocultos ou eram malditos... Nestas promessas Pai, muitos querendo ficar ricos, transpassaram a si mesmos com muitas dores e até se desviaram da fé, engrossando o numero dos sem religião, formado por pessoas iludidas com falsas teologias.

Pai, tem gente indo atrás da justiça dos homens para reaverem o que perderam, mas, Pai, alguns fazem isso, por que se decepcionaram com a graça "barata" e já não acreditam no teu Evangelho, no teu Reino e muito menos em Tua Justiça. Assim agem, pois na ambição de prosperarem, foram enganados e sacrificaram tudo o que tinham e mais o que podiam conseguir emprestados. Tais pessoas também são culpadas, pois deixaram de examinar as Escrituras, dando ouvidos a fábulas e ávidos por bens materiais sacrificaram nos altares de mamon erigidos em seus corações, não no altar do Deus Vivo que diz: "misericórdia quero e não sacrifício."

E da gordura dos sacrifícios e das ovelhas, mercenários vivem como celebridades, apascentando a si mesmos, vivendo vida regalada, cruzando os ares com seus aviões carissimos e malas cheias. São falsos: pastores, Bispos e apóstolos que repreendem o devorador prometendo todas as maldições quebrar, mas não antes das notas entrarem na salva, no gazofilacio ou na conta da igreja.E o povo simples doa tudo, sem sua Palavra consultar, padecendo sem saber que o devorador esta no púlpito ou altar, usando terno e gravata, batina ou talar.

Senhor, alguma coisa há de errada com muitos tele-pastores, pois só falam em dinheiro, conquistar e prosperar.
Quem não prospera é pecador sem fé para determinar.
Eu pensava que tinha que suplicar para a benção receber;
Mas, dizem que se eu não determinar o Senhor nada poderá fazer.
E, eu que pensava que a Ti pertencia a força e o poder;
Que sabia de todas as coisas, mesmo antes da gente dizer.
Mas, disseram que se eu não for especifico o Senhor não poderás me atender.

Pai, eu pensava que seu Filho Jesus fosse pobre;
Até que li num sermão, que só um ministério rico poderia ter um tesoureiro ladrão.
Pois, ladrão não rouba de pobre só de quem tem grana de montão.
Pai, eu pensei que Jesus fosse pobre, pois nem “jumentinho próprio” tinha;
Mas disseram que só os ricos, podiam ter na ceia o fruto da vinha.

Pai, a coisa esta difícil é tanta distorção anunciada pelo outro “evangelho” via televisão.
Pois, se a pobreza é maldição, Jesus era maldito pelo que vemos em sua consagração.
Pois, a oferta de José e Maria fora um par de rolas ou dois pombinhos, como dizia a legislação, ofertas dadas pelo pobre que não tinha recursos na mão.

Pai, certa vez teu Filho disse que, raposas possuíam covis e as aves dos céus ninhos, mas onde reclinar a cabeça Ele não tinha não. Então como o Senhor explica esta história de pobreza ser maldição?
Pai, se nem berço ele teve e numa manjedoura veio a nascer, se a pobreza é maldição, como pode um maldito por nós morrer?

Pai, apesar da banda podre que faz o que acima partilhei Contigo, na Igreja Evangélica Brasileira existem lideres sérios, pastores/as e leigos/as cristãs/os consagrados/as que não se prostraram diante do altar de Mamon. São gente anônima que a mídia não mostra, homens e mulheres que não prosperam materialmente, mas que são ricos em graça, que vão te cultuar ou pregar seu Reino a pé, de bicicleta, de carro usado, de jegue, de carona.

Pastores/as, missionários/as que trabalham com moradores de ruas, comunidades ribeirinhas, que vão aos presidios pregar o Evangelho. Gente que abriu mão da riqueza, da profissão, da familia, do conforto, pessoas outrora abastadas, mas que se fizeram pobres para enriquecer a muitos com o Evangelho de Cristo. Lideres que não fazem acepção de pessoas, que vão atras do pobre e do rico convidando ambos a crerem no Evangelho. Uma Igreja formada por pessoas que possuem bens materiais mas não puseram neles seus corações, patrões que se assentam no mesmo banco da igrejinha do bairro onde moram seus funcionarios e juntos adorarem a TI Senhor.

Existe uma Igreja fiel, visivel a Teus olhos Pai, e invisivel aos poderes deste mundo. Uma Grei cristã formada por um povo pobre que trabalha, povo humilde composto por operários da construção civil, domésticas, garis, pintores, varredores de rua... Gente simples que as vezes só têm o arroz, feijão e ovo para almoçarem, mas em tudo te dão graças. Gente que trabalham o dia todo, mas que a noite colocam a roupa e o calçado melhor que tem e vão para o culto e lá cantam:

Buscai primeiro o Reino de Deus
E a sua justiça
E tudo mais vos será acrescentado,
Aleluia, aleluia!

Não só de pão o homem viverá,
Mas de toda palavra,
Que procede da boca de Deus.
Aleluia, aleluia!.

Se vos perseguem por causa de mim
Não esqueçais o porquê.
Não é o servo maior que o Senhor.
Aleluia, aleluia!

Pai, essa gente simples, que possui tão pouco, que mora no barraco, na favela, cujos filhos as vezes vão descalços e com fome para a escola, sente-se abandonada quando escuta "pastores" falando que por serem pobres são malditos. Se já é díficil a vida do povo pobre... ter que acreditar que tua Palavra diz isso, se torna mais díficil ainda continuar vivendo. Pai, o problema é que tais pregadores estão na TV e o Senhor sabe que a televisão se tornou onipresente nos lares seja rico ou pobre, e alguns dos que tem pregado tais heresias na TV ou por meio de Livros e Bíblias gozam de credibilidade no meio do povo evangélico. A maioria dos cristãos brasileiros só conhecem esses homens pela televisão, rádio ou livros que leram, mas dão mais valor a eles do que aos pastores que dia - a dia velam pelas as almas deles. Muitos até deixam de colaborar na igreja local onde recebem alimentos espirituais para sustentarem os projetos de tais tele-pastores. Quem sabe um dia, um deles sobrevoe a casa dos mantenedores tele-pastorados com seu avião de 8,6 milhões e de ao menos um tchau!

Pai, pior do que o acima dito, é que a palavra pregada por alguns deles, influência mais a alguns crentes do que Tua Palavra escrita!


Pai os/as pastores/as verdadeiros/as que que muitas vezes tira do que tem para dar para a ovelha, ao invés de fazer a ovelha sacrificar até o que não tem, preocupados/as com a saúde e a segurança de seus "pequenos rebanhos" ficam a se perguntar: "se Jesus não voltar logo, qual será a próxima esquisicrentices, pregada por um tele-evangelista, ou próximo escândalo a ser mostrado em horário nobre na emissora do Plim - Plim?"

Senhor, só mais duas perguntas ta! Ai vou orar ler a bíblia e dormir!

A primeira pergunta é sobre Pedro, ele disse: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou, foi por que era pobre, ou porque não tinha se apossado da unção da prosperidade para dar o ouro e a prata que o aleijado esperava receber?

A segunda pergunta é: Como o Senhor explica isto tudo acontecendo em meio a tua Igreja?

Ao terminar minhas indagações fiz minha oração:

Senhor me permita batalhar e viver a pureza da fé de antigamente,
quando o ser temente a Ti, era a marca do povo crente
Povo que por ler a Bíblia por essa prosa de “conquistas” não eram seduzidos.
Senhor daí nos discernimento, obediência e temor,
livra-nos das propostas sedutoras do tentador,
que em troca de adoração, os bens do mundo no deserto a Ti ofertou.
Não nos deixe cair em tentação mas livra - nos do mal.

Abri a Bíblia em (Pv 30. 7 a 9) e conclui minha oração dialogal, fazendo minha a súplica do sábio Agur:

Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza;
Mantém – me do pão da minha porção de costume;
Para que, porventura, estando farto não te negue, e venha dizer: Quem é o Senhor?
Ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o nome de Deus em vão.

Dormi em paz, acordei pela manhã, com alguns textos falando fortemente em meu coração.
Se você ainda age como os cristãos de Beréia, pegue sua Bíblia, que vou partilhá-los contigo.
Mas pega uma Bíblia sem comentários, sem nota de rodapé, pega uma Palavra de Deus, sem comentário de homens e leia: Os 4.6; Mt. 13. 24, 43: 2. Pd. 2.1; I Tm 6 de 3 a 16; Judas. 1.
Ap 2. 29: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz a Igreja.

Que Deus nos desperte...

Pr. (José do Carmo) Zé do Egito.
Igreja Metodista em Fátima do Sul – MS.


03 dezembro, 2009

Oração de um cristão preocupado I. O lamento. (Pr. José do Carmo)



Noites atrás, após assistir a alguns programas evangélicos, fui subitamente tomado por alguns questionamentos. Como aprendi que a oração é um diálogo com Deus, dirigi a ele a seguinte oração:


Pai, em nome de Jesus, eu peço que me ouças, mas tenhas paciência comigo, por tua graça e amor suportai minha oração, carregada de lamentos, espanto e indagações. Pai, são coisas que tem me angustiado muito enquanto cristão e pastor.

Pai amado, O Senhor tem visto que no Brasil a Igreja esta crescendo;

Te louvo por isto, mas algo esta errado, Pai, pois muitos dentre teu povo estão crendo em coisas estranhas. Seguindo coisas contrárias ao Evangelho Bíblico, praticando e ensinando coisas estranhas à tradição cristã fruto dos ensinos dos apóstolos.

Pai, isto vem ocorrendo por que muitos na Igreja já não seguem a Bíblia como regra de fé e prática, e alguns lideres da Igreja brasileira insistem em agir como norte - americanos. Eles insistem em agir como os pregadores estadunidenses disseminando a falsa "Teologia da prosperidade". Tais lideres, sabedores que o brasileiro, devido suas raízes negras e indígenas constitui-se num povo místico, resolveram explorar essas características tupiniquins e atraírem para os rebanhos deles a massa que antes compunham o catolicismo popular. Trocou-se de seguimento religioso, mas não se transformou o coração. Para se ter uma idéia, a fitinha deixou de ser do Senhor do Bonfim, agora traz, "Senhor Jesus", impresso nela, mas o "crente" continua acreditando que a fita deve se quebrar sozinha para que a benção seja alcançada.

Eu sei que o Senhor não se surpreende com nada do que tenho falado até aqui e já sabe o que ainda vou falar. Tu Senhor, em meio a tanta confusão religiosa sabe quem são teus servos/as que não se deixaram enganar pelos "pseudo pregadores” da falaciosa ''Mamonlogia da Prosperidade". Eu sei também que idolatria, amuletagem, culto a personalidades, exploração e distorção da fé por meio do incentivo a superstições que vicejam no meio de teu povo, o Senhor já viu semelhantes no século XVI, quando levantou Martinho Lutero. Sei que conheces todas as coisas verdadeiras e falsas, feitas, ensinadas e pregadas em teu Nome, mas permita-me, destacar só algumas das "esquisicrentices macumbovangélicas" surgidas em meio ao povo cristão evangélico. Senhor em nosso meio tem de tudo:

Sal grosso, lenço ungido, troca do anjo.

Água benta do monte, replicas da vara de Arão, do cajado de Moisés.

Unção dos animais estranhos, ramos de oliveira para a água do banho.

Suor apostólico que cura desde hemorróidas a unha encravada das mãos e dos pés.

Oferta de dízimo a oito por cento, despacho nas águas as sexta-feira com o pastor pai João.
Pai, tem obreiro orando pelo aumento não do salário do povo brasileiro, mas do seio das irmãs. Estou vendo a hora Pai de inventarem a "unção do vira", onde quem é João vira Maria e quem é Maria vira João, e mostrarem na telinha as fotos do antes e do depois.

Pai, eu ando até com dó dos seguidores das religiões de matriz africana, principalmente dos pais e mães de santo, pois eles estão ficando desempregados. Já tem “babalorixas” protestando, não por terem muitos de seus fieis e clientes se convertido, mas pelo fato de alguns "pastores" estarem plagiando os “trabalhos” deles. Existem pastores vestindo-se todo de branco, da cabeça até os pés, se apossando do sal grosso, da arruda, do jogar garrafas nas ondas do mar as sextas-feiras...

A confusão sincrética é tamanha, que a gente já não sabe mais quem é o pastor ou o pai de santo. Tem yalorixas rodando a baiana, pois envaidecidos pelas câmeras de televisão já tem “espíritos” abandonado os terreiros e preferindo baixarem em determinadas igrejas, por que lá podem ao menos aparecer na TV, dando entrevista dizendo quem os mandou, o que ganharam e o que pretendem fazer. O que tem livrado alguns babalorixas e yalorixas do desemprego e que ainda conseguem defender o pão de cada dia, trabalhando de ex-mãe e ex-pai de encosto, dando atendimento nas madrugadas televisivas.

Pai, não sei se é verdade, mas o Senhor sabe: dizem que certo pastor foi expulsar o "encosto" de um rapaz, e antes de mandá-lo sair, para mostrar para a igreja como se "envergonha" o inimigo, mandava o rapaz rolar, andar de joelhos, subir a escada, depois que cansou de brincar, e mandou o espírito sair, o "encosto" saiu e entrou nele. Ai o rapaz, passou a fazer o mesmo, mandando o pastor andar de joelho, rolar... Foi tamanha a confusão que o povo espantado esvaziou o salão.

Pai, eu penso que quando Jesus indagou: “ Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé sobre a terra?” Ele estava tendo um vislumbre do caos que sua Igreja vive, não só no Brasil, mas em quase todo o mundo.

Pai, as coisas mudaram bastante, ser cristão já não é como antes;
Hoje os servos são conhecidos por seus ternos caros e cabelos extravagantes
São os bens materiais que destacam a fé do cristão atual, mas parece que esse mal não é novo, o "boca de ouro" João Crisóstomo já pregava contra estas coisas:

“É por isso que os gentios não acreditam no que dizemos. Eles querem que lhes demonstremos uma doutrina, não pelas nossas palavras, mas nossas obras. Mas quando nos vêem construir casas luxuosas, plantar jardins, construir saunas e comprar terrenos, não podem convencer-se de que estamos preparando nossa viagem para outra cidade” (São João Crisóstomo - séc. IV).

É Pai, hoje as pessoas correm atrás da fama e poucos conhecem o sentido da chamada "pobreza evangélica", em tempos que o ter sobrepuja o ser, pastor aprovado por Ti, tem que ter: programa ou Rede de Televisão, ajuntar grandes multidões para ouvi-lo e possuir avião próprio, pois a malha viária das estradas brasileiras são muito ruins e...

Pai, até o jeito de orar mudou, se Agur fosse um cristão determinista moderno, veja como ele oraria:
“Senhor, duas coisas eu semeio e faço a determinação:
Reivindico que tu me livres de andar de bicicleta; moto ou fuscão
Como filho do Rei, posto como cabeça e não calda, quero a marca da promessa, que é ter meu próprio avião.

Pai me diga: Agur não mostrou sabedoria, ao orar como orou lá em Pv 30. 6, 9?
Ou ele orou daquele jeito por não existir ainda a “Bíblia dos 900” que o profeta estadunidense anunciou sábado destes via televisão?

Pai, o salmista diz que o Senhor não dormita, nem toscaneja, mas eu já estou com sono!Sei que o Senhor tem paciência para ouvir meus lamentos, mas dizem que os textos têm que ser mais curtos para agradar e não cansar o leitor, por isso vou parar por aqui e amanha continuamos nossa oraprosa... Eu ainda quero falar sobre como são tratados os pobres... Boa Noite!

Pr. (José do Carmo) Zé do Egito.
Igreja Metodista em Fátima do Sul – MS.

28 novembro, 2009

Pelo Resgate da Espiritualidade Gratuíta - Pr. José do Carmo da Silva (Zé do Egito)


Após dois mil anos, o cristianismo se encontra em crise, principalmente no Ocidente, e tal crise se manifesta visivelmente entre as Igrejas que são oriundas das herdeiras da Reforma Protestante do século XVI. Em muitas destas igrejas, principalmente as que se encontram na MÍDIA, podemos notar que os pontos da Reforma, Sola Scriptura - Somente as Escrituras. Solus Christus - Somente Cristo. Sola Gratia - Somente a Graça. Sola Fide - Somente pela Fé. Soli Deo Gloria - Somente a Glória de Deus, são amplamente desprezados. Dos pontos supracitados o perigo maior esta na distorção da Graça de Deus, pois a partir de sua reta compreensão a pessoa humana pode compreender as Escrituras, receber de Deus uma fé sadia por meio da leitura da Palavra e se relacionar com Cristo dando só a DEUS a glória.



A distorção da Graça, oriunda da deturpação da Palavra de Deus, tem gerado a riqueza de falsos pastores, e levando muitas pessoas a caírem em desgraça, espiritual, financeira e familiar. Sim, pois diante da mercantilização da fé, muitas pessoas na esperança de poderem receber algo de DEUS, sacrificam até o que não possuem, crendo que Deus ira honrá-la a partir de tal ato de fé. São muitas as pessoas que perderam bens, muitas esposas ou maridos que estão no vermelho, por sacrificarem o salário, a herança, o automóvel, às vezes até escondidos um do outro, e quando tais “sacrifícios” vieram à tona, o casamento entrou em crise, juntamente com a fé em Deus e a credibilidade no Evangelho.



Tais “sacrifícios” são ofertados não no altar do DEUS VIVO, mas sim nos altares da cobiça e vaidade, erigidos nos corações de muitas pessoas que havidas em ter, se tornam presas fáceis de falsos profetas, pois colocam seus corações nas bênçãos materiais e não no Doador delas, tornado se assim crentes materialistas, pois disse Jesus em Mateus 6.21: “Pois onde estiver o teu tesouro, ali também estará o teu coração”.



Para acabarem as "negociatas", "barganhas" e "sacrifícios" que deturpam a salvação pregada pelo verdadeiro Evangelho, precisamos voltar às fontes da espiritualidade clássica cristã, assim como Wesley fez em seus dias. É hora de queimarmos os livros de auto-ajuda falsamente intitulados "evangélicos” que prometem prosperidade e bebermos primeiramente da FONTE de todas as fontes, as ESCRITURAS SAGRADAS.



Para preencher o vácuo espiritual dos desencantados com as técnicas de enriquecer-se com coisas deste mundo, sugiro resgatarmos a espiritualidade desinteressada que brota de fontes de antigas literaturas cristãs tais como: Didaque o manual dos primeiros cristãos, “A imitação de Cristo” de Tomás Kémpis, “Experimentando as Profundezas de Jesus Cristo Através da Oração” de Madame Guyon, “Regras para um Viver e Morrer Santo” do Bispo Jeremy Taylor, “Noite escura da alma” de João da Cruz, “Aspirações da vida eterna” de Tereza D Ávila. Pessoas que cultivavam uma espiritualidade despojada, que adorava a Deus e não seu trono, que buscavam a renúncia e não o dinheiro, a reclusão e o anomimato e não a fama e o poder.



Creio que diante do estrago e vazio deixado nas almas de inúmeras pessoas decepcionadas com a falsa graça, derivada do “outro” evangelho pregado por falsos obreiros, precisamos ir além do denunciar seus arautos, devemos também oferecer remédios para a cura das doenças espirituais que nasceram da falsa compreensão da graça de Deus. E o principal remédio é a vivência de uma espiritualidade equilibrada, que brota da experiência com Deus e produz a santidade no coração e na vida do cristão.



Muitos dos misticos supracitados, principalmente Tomás Kempis e o Bispo Jeremy Taylor influenciaram muito a João Wesley no inicio de sua caminhada espiritual, obviamente que ele não abraçou acriticamente tudo o que tais místicos escreveram, mas, seguindo o conselho de Paulo, analisou todas as coisas retendo o que julgava bom. Nestes tempos de escassez espiritual, que falta bons referencias cristãos, defendo que devemos fazer o mesmo, voltarmos aos clássicos cristãos. Devemos reaprender com os primeiros cristãs a prática da oração contemplativa, a oração de submissão, baseada na espiritualidade de Jesus que diferentemente dos modernos cristãos deterministas orava dizendo: Pai, se quiserdes afastar de mim esta taça... No entanto, não se faça a minha vontade, mas a tua!.



Devemos buscar uma vida de total dependência e abandono nas mãos de Deus, crendo que Ele nos sustenta e basta, assim como diz Madame Guyon: "O abandono é uma questão de grande importância para o progresso; é a chave para a corte interior, de modo que aquele que sabe verdadeiramente se abandonar, rapidamente atinge a perfeição. Devemos, portanto, continuar firmes e imóveis, sem dar ouvidos à razão natural. Uma grande fé produz grande abandono; devemos confiar em Deus, "esperando contra toda esperança" (Rm 4,18).

Abandono é perder os cuidados egoístas, para que possamos estar todos ao dispor divino. Todos os cristãos são exortados ao abandono, pois é dito: "De fato, são os gentios que estão à procura de tudo isso: o vosso Pai celeste sabe que tendes necessidade de todas essas coisas." (Mt 6,32). "em todos os teus caminhos, reconhece-o, e ele endireitará as tuas veredas" (Pr 3,6). "Recomenda a Iahweh tuas obras, e teus projetos irão se realizar" (Pr 16,3). "Entrega teu caminho a Iahweh, confia nele, e ele agirá" (SI 37,5).

Portanto, o abandono deve ser tanto ao que diz respeito as coisas internas como externas; abandonar absolutamente todas as preocupações nas mãos de Deus, esquecendo de nós e lembrando somente Dele, por quem o coração permanecerá sempre desimpedido, livre e em paz."



Wesley viveu uma espiritualidade desapegada dos bens materiais, movido por ela, ele buscou os bens do alto e quanto aos bens terrenos (dinheiro )disse: "Ganhe o máximo que puder, poupe tudo que conseguir e dê tudo que for possível". Ele demonstrou desapego as coisas materiais, não buscava os bens desta vida, antes declarava: "Se não gastardes teu dinheiro fazendo o bem aos outros, tu gastarás em teu próprio dano", movido pelo amor aos perdidos dizia: “Temos um negócio neste mundo: salvar almas”.







Para os frustrados com a “teologia da prosperidade” que fizeram “sacrifícios”, instigados pela cobiça em seus corações, alimentada pelo “evangelho” do ter em detrimento do ser, vale estas palavras de Tomás Kempis: “Olha tu para os bens do céu, e verás que nada são os bens corporais, mas muito incertos e onerosos, pois nunca vive sem temor e cuidado quem os possui. Não consiste a felicidade do homem na abundância dos bens temporais; basta-lhe a mediania.” Estas palavras de Tomás Kempis, nada mais são do que o ecoar do que foi dito por Jesus Cristo em Mateus 6.19,21: Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.



O Apostolo Paulo, para não ir além daquilo que estava escrito, mas buscando ser fiel aos ensinamentos daquele que o encontrou no caminho de Damasco, enfaticamente ensinou a seu discípulo Timóteo: “Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contente. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.” (1 Tm 1 de 7 a 11).



Outra coisa que precisa ser resgatada e pregada como antídoto ao veneno disseminado por falsas interpretações da graça de Deus, é o amor incondicional Dele para com o gênero humano. Deus nos ama, não por que sejamos bons, mas pelo fato de o amor ser sua essência, assim como diz João: Deus é amor. (I Jo 4.16). Pelo fato de o amor ser a essência de Deus, e devido a sua imutabilidade (Tiago 1.17), o amor Dele para conosco não aumenta nem diminui de acordo com nossos atos positivos ou negativos. A má compreensão desta verdade bíblica leva ao legalismo, a falsa santidade, a hipocrisia e a outras coisas tão comuns no meio cristão.



Certa vez recebi no meu gabinete um individuo que alegou ser ele o único na igreja que adorava a Deus em Espírito e em verdade. Quando perguntei a ele, o que lhe dava tanta certeza para fazer tal afirmação, ele respondeu-me: - “Pastor eu sou o único que não falto nos cultos, não falto na Escola Dominical, não falto no Estudo Bíblico e nem nas reuniões de orações! Repliquei: - “Pois é irmão, adorar a Deus em Espírito e em verdade, é exatamente o oposto do que você vem fazendo, é adorá-lo sem depender de “morar” na igreja, é ser livre para adorar a DEUS sem estar preso a estruturas, a este ou aquele lugar! É reconhecer-se pecador, é ter o mesmo sentimento de esvaziamento que houve em Cristo Jesus, a humildade!



A partir de então, passei a observar mais tal irmão, e notei que ele vivia olhando as falhas dos outros, sempre diminuindo a alguém e se exaltando, julgava-se o mais espiritual de toda a comunidade. Apesar de todos os esforços de minha parte, dos estudos a ele aplicados, das orações, dos aconselhamentos, o “santo irmão” passou a visitar outras igrejas onde dizia ter “fogo”, até que resolveu sair da igreja, alegando que não precisava de pastor, pois DEUS falava diretamente com ele a ponto de ter-lhe mostrado a Face. Saiu, mas não sem antes querer levar a igreja na justiça querendo direitos trabalhistas, depois de morar por quase quatro anos no pátio da igreja e ajudar a esposa dele nas faxinas aos sábados. Este é um dos extremos da má compreensão da Graça, por outro lado, há os que vivem uma vida de permissividade vivendo de forma dissoluta, apoiando-se na sua má interpretação da graça.



A má compreensão da graça provoca distúrbios na vida do individuo e da comunidade, tirando a paz e trazendo medos, fobia, manias estranhas, seus resultados ao invés de produzirem liberdade, humildade e equilíbrio, levam ao legalismo, fanatismo e a libertinagem. Precisamos pregar a graça de Deus manifesta em Cristo Jesus, mas acima de tudo precisamos tomar posse e viver as conseqüências dela advinda. Penso que uma pessoa que compreendeu ao menos um pouco da graça de DEUS, sabe que seu lugar não é no trono, mas sim aos pés da cruz de Cristo, prostrado clamando: Senhor por tua infinita graça perdoa todas as minhas faltas...



Brennan Manning, autor do clássico: O Evangelho Maltrapilho, é para mim dentre os cristãos contemporâneos alguém que conseguiu definir claramente estas palavras de Paulo em Efésios 2.8: "Com efeito, é pela graça que sois salvos por meio da fé; e isso não depende de vós, é dom de DEUS. Isto não vem das obras, para que ninguém se orgulhe". Clic neste link: http://brasilmetodista.ning.com/video/voce-cre-que-ele-te-ama assista o vídeo de Brennan Mnning, deixe o Espírito Santo convencê-lo/la do amor de DEUS e viva em paz consigo mesmo na total dependência da GRAÇA.

20 novembro, 2009

A propósito do 20 de Novembro - Pr José do Carmo





O Vinte de Novembro que neste ano cai numa sexta-feira,

já foi transformado em feriado em onze estados e será comemorado em 217 cidades. A data é feriado estadual em grandes capitais tais como São Paulo e Rio de Janeiro. Porém, para muitas pessoas, o dia, além de proporcionar uma oportunidade de ir pescar no feriado prolongado não traz importância alguma, e por isso “passará em branco”. Muitas destas pessoas desconhecem a história real e a pessoa por trás da data. Para que isto mude é preciso que o Vinte de Novembro seja “DENEGRIDO”, ou seja, se torne negro, por meio de uma maior divulgação e conscientização do povo, principalmente do próprio povo negro, que desconhece sua história, seus ícones, suas raízes.


Na realidade, se existe um país fora do continente africano, para quem o Vinte de Novembro deveria ser importante, este país é o Brasil. Sim, o povo brasileiro deveria conhecer desde cedo à história por trás desta data. Deveria conhecer a pessoa por trás desta data, assim como conhece a pessoa e a história por trás de datas como Vinte um e Vinte dois de Abril, sete de setembro e outras datas que fulguram no calendário cívico nacional. Teorizo que os brasileiros saibam mais sobre o Halloween, (dia das bruxas) comemorado no 31 de outubro, do que sobre o 20 de Novembro. E olha que o Halloween é de origem inglesa.