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10 setembro, 2012

Santo Remédio - Ed René Kivitz

Quase ninguém sabe o que é benzilpenicilina benzatina, mesmo os que já sofreram da agulha de um Benzetacil. E o que dizer do bromazepan, cujo nome de guerra é Lexotan! Sabe quem é o brometo de n-butilescopolamina? Nada mais, nada menos do que o Buscopan. E se você preferir o Buscopan Composto, basta chegar na farmácia e pedir brometo de n-butilescopolamina com dipirona sódica. O aciclovir é mais conhecido por Zovirax e o cloridrato de fluoxetina é o famosíssimo Prozac. Jamais viajo sem a companhia de mucato de isometepteno mais dipirona sódica mais cafeína anidra: a Neosaldina.

O Evangelho é um santo remédio. Bem, pelo menos, costumava ser. Ou melhor, ainda é, caso estejamos falando do genérico. Sim, porque os laboratórios eclesiásticos institucionais empacotaram a essência de maneira a torná-la mias atraente e, nessa manipulação das substâncias, o conteúdo do Evangelho foi alterado. Até porque mais vale a embalagem e o marketing do que o remédio em si. Fiz uma pequena pesquisa no mercado e encontrei o genérico Evangelho empacotado em diversas versões. Uma pior que a outra, mas todas muito populares.

Encontrei o Evangelho versão incorporação. A receita diz que o usuário deve esvaziar-se completamente de suas responsabilidades pessoais para tornar-se gradativamente um mero instrumento despersonalizado das for;as espirituais. A fórmula foi muito usada nos terreiros de macumba e centros espíritas, adotadas pelos "cavalos" e "cambonos", e depois foi adotada por setores da Igreja Evangélica que acreditam que o ideal de intimidade com Deus e desempenho ministerial é a completa anulação de si mesmo em sujeição ao Espírito-espíritos. Ao usar o Evangelho versão incorporação, o usuário passa a justificar todas as coisas pela ação direta do Espírito Santo - ou outro espírito, sabe-se lá: "Foi o Espírito quem mandou"; "Foi o Espírito quem disse"; "Foi o Espírito quem me conduziu", e outras coisas, como se o Espírito Santo tivesse baixado no sujeito, da mesma forma que nos terreiros baixa o santo.

Encontrei também o Evangelho versão segregação. Esse aí, muito caro. Usado apenas por uma casta especial de favorecidos por Deus: os filhos do Rei. Os usuários do Evangelho da Segregação proclamam que as riquezas do mundo pertencem a Deus e seus filhos, e foram usurpadas pelo Diabo e pelos ímpios. Acreditam que, após algumas doses regulares, geralmente tomadas em correntes e vigílias, os favorecimentos divinos vão sendo canalizados na direção deles, e somente deles. Dizem que o pão é nosso, mas "nosso" significa "nosso, dos crentes". A fórmula foi emprestada dos regimes totalitários, em que as benesses sociais são acessíveis apenas aos que são leais ao poder estabelecido, e os "rebeldes" são espoliados em favor de uma minoria. Diversos segmentos da Igreja Evangélica acreditam que Deus existe para satisfazer os seus, e o mundo existe para ser saqueado.

Há também o Evangelho de meditação. Este é o administrado apenas nas farmácias espirituais certas, em sujeição aos enfermeiros espirituais certos. Sua fórmula foi desenvolvida na tradição do catolicismo romano pós-Constantino, e está baseada no "institucionalismo hierarquizado", muito popular nos grandes impérios eclesiásticos centrados nas figuras carismáticas de seus fundadores e proprietários. Desde os tempos da Idade Média, quando bastava ser nascido dentro das fronteiras do império para ser considerado cristão, há segmentos da Igreja Evangélica que acreditam que a relação com Deus é subproduto da correta identificação institucional. A propaganda deste remédio não fala masi de antes e depois do Evangelho, antes e depois de Cristo, mas de antes e depois da igreja A ou B, antes e depois da unção do bispo, do missionário e do apóstolo.

Já deparei também com o Evangelho versão sacramentalismo. Este remédio é administrado com dia e hora marcados, aliás, como a maioria dos remédios. Para ter acesso a uma dose, o usuário deve comparecer às atividades propostas pela autoridade clínica: a igreja e seu respectivo guru. Justiça seja feita, ninguém fica sem uma dose. Basta ligar o rádio e a TV, e logo os usuários ficam sabendo onde será e quando começa a próxima corrente da fé, a campanha da vitória, a noite do milagre, o dia do santo jejum, e por aí vai. Quem não estiver lá, perde a dose. Fica sem o remédio. A fórmula foi desenvolvida também na cultura da Santa Missa - sacramento supõe transferir graça - e adotada por segmentos da Igreja Evangélica que acreditam que a participação na ciranda do culto é a principal fonte de benefício espiritual para os fiéis. E fonte de enriquecimento para a indústria farmacêutica espiritual, é claro.


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Outra espiritualidade
Capítulo 6, pag 39
Ed René Kivitz

27 agosto, 2012

Três Maneiras de Olhar para a Bíblia - Ed René Kivitz

Transcrevo aqui um trecho do 13º capítulo do livro "O livro mais mal humorado da bíblia" de Ed René Kivitz. O livro traz reflexões sobre a vida, o cotidiano, o nosso trivial, sobre o plano de fundo de Eclesiastes e a visão de Salomão sobre a vida. Em especial quero ressaltar a citação de Rubem Alves que no mínimo deve servir de motivação para o raciocínio e questionamento. 

Segue:


Três Maneiras de olhar para a bíblia.

A primeira maneira é olhar para Bíblia como um manual de instruções. Para o Eclesiastes, Deus é o Criador do universo e da raça humana. Nada melhor, portanto, do que perguntar ao próprio Criador como é que a criatura funciona. Se olharmos para a Bíblia como um manual de instruções, percebemos que os mandamentos de Deus não são restrições impostas por uma divindade melindrosa, mas sim um caminho de vida. "Funciona melhor quem vive assim e assado", poderia dizer o Eclesiastes. Ele recomendaria observar os mandamentos de Deus porque, em geral, a vida funciona melhor para quem obedece, e desanda para quem se rebela. Embora não sejamos máquinas que vêm de fábrica com manual de fabricante, e a vida seja complexa o suficiente para se submeter a regras, parece claro que a existência humana observa certos padrões mínimos.

A segunda maneira é olhar para a Bíblia como referência para a peregrinação espiritual. Tudo o que está na Bíblia é palavra inspirada por Deus, mas isso não quer dizer que toda a Bíblia é pronunciamento de Deus, que automaticamente receba seu aval (grifo meu). Creio na soberania de Deus, que permitiu o texto inspirado chegar até nós. No entando, creio que Deus não ditou a Bíblia, não se pronunciou de uma ponta a outra, não foi assertivo nem propositado em cada palavra ou versículo dela.
Algumas declarações que constam na Bíblia foram feitas por Davi, outras por Paulo, e ainda outras por João. Algumas declarações bíblicas são uma coletânea de sabedoria universal, outras são cânticos de lamento de um povo oprimido no cativeiro, além de uma grande quantidade de histórias de pessoas que tiveram uma experiência com Deus.
Apenas pessoas muito simplórias pretendem obedecer literalmente à Bíblia Sagrada, entendendo que tudo o que nela está escrito se deve obedecer para sempre. Um texto de Rubem Alves ilustra bem esse ponto.

Digo isso a propósito de uma carta dirigida a Laura Schlessinger, conhecida locutora de rádio nos Estados Unidos que tem um desses programas interativos que dá respostas e conselhos aos ouvintes que a chamam ao telefone. Recentemente, questionada sobre a homossexualidade, a locutora disse que se trata de uma abominação, pois assim a Bíblia o afirma no livro de Levítico 18:22. Um ouvinte escreveu-lhe então uma carta que vou transcrever: "Querida doutora Laura, muito obrigado por se esforçar tanto para educar as pessoas segundo a lei de Deus. [...] Mas, de qualquer forma, necessito de alguns conselhos adicionais de sua parte a respeito de outras leis bíblicas e sobre a forma de cumpri-las: Gostaria de vender minha filha como serva, tal como o indica o livro de Êxodo 21:7. Nos tempos em que vivemos, na sua opinião, qual seria o preço adequado? O livro de Levítico 25:44 estabelece que posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, desde que sejam adquiridos de países vizinhos. Um amigo meu afirma que isso só se aplica aos mexicanos, mas não aos canadenses. Será que a senhora poderia esclarecer esse ponto? Por que não posso possuir um canadense? Sei que não estou autorizado a ter qualquer contato com mulher alguma no seu período de impureza menstrual (Levítico 18:19 ; 20:18; etc). O problema que se me coloca é o seguinte: como posso saber se as mulheres estão menstruadas ou não? tenho tentado perguntar-lhes, mas muitas mulheres são tímidas eoutras se sentem ofendidas. Tenho um vizinho que insiste em trabalhar no sábado. O livro de Êxodo 35:2 claramente estabelece que quem trabalha aos sábados deve receber a pena de morte. Isso quer dizer que eu, pessoalmente, sou obrigado a matá-lo? Será que a senhora poderia, de alguma maneira, aliviar-me dessa obrigação aborrecida? No livro de Levítico 21:18-21 está escrito que uma pessoa não pode se aproximar do altar de Deus se tiver algum defeito na vista. Preciso confessar que eu preciso de óculos para ver. Minha acuidade visual tem de ser 100% para que eu me aproxime do altar de Deus? Eu sei, graças a Levítico 11:7-8, que quem tocar a pele de um porco morto fica impuro. Acontece que adoro jogar futebol americano, cujas bolas são feitas de pele de porco. Será que me será permitido continuar a jogar se usar luvas? Meu tio tem um sítio. Deixa de cumprir o que diz Levítico 19:19, pois planta dois tipos diferentes de semente ao mesmo campo, e também deixa de cumprir a sua mulher, que usa roupas de dois tecidos diferentes, a saber, algodão e poliéster. Será que é necessário levar a cabo o complicado procedimento de reunir todas as pessoas da vila para apedrejá-la? Não poderíamos queimá-la numa reunião privada? Sei que a senhora estudou esses assuntos com grande profundidade de forma que confio plenamente na sua ajuda. Obrigado de novo por recordar-nos que a palavra de Deus é eterna e imutável. (Homossexualidade e outros pecados. Folha de São Paulo, edição de 30 de Setembro de 2008)

Definitivamente, a Bíblia é a palavra de Deus, não por ser um livro de regras, mas por registrar e perenizar um singular caminho de sabedoria espiritual.

A terceira maneira é olhar a Bíblia como revelação de mistérios. Há realidades a respeito da dimensão espiritual que jamais conheceríamos se Deus não as tivesse revelado. Creio que há dimensões da vida às quais jamais chegareis através da especulação racional. Por isso me submeto ao que a Bíblia diz e a trato como revelação de Deus. Para mim a Bíblia é inquestionável. Mas, quando se trata de vivência pessoal e normatização social, eu a trato como referência e olho para os mandamentos de Deus como caminhos de vida. Para obedecer, precisamos ser inteligentes.


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Fica para reflexão geral, e se gostou do post, compartilha no facebook, tem os links aqui embaixo para curtir e compartilhar, assim ajuda a divulgar o Reflexão.


Abraços, 


Duda.


03 abril, 2012

Creio na ressurreição do corpo



Os cristãos do primeiro século escandalizaram o mundo afirmando que Deus se fez carne, padeceu e morreu no corpo, e no corpo ressuscitou. O Credo Apostólico ecoou no mundo antigo e reverbera até hoje: Creio na ressurreição do corpo, o que acarreta uma absoluta revolução na vida desde aqui e para a eternidade. A respeito disso, Paulo Brabo comenta a obra de Alan F. Segal, Life After Death, que discorre sobre a geografia e a história da vida após a morte na cultura ocidental, e também a respeito da radical diferença entre o pensamento grego e o pensamento judaico-cristão. 


Os gregos acreditavam que a essência do ser humano é a alma. O corpo é uma prisão, disse Platão. Acreditavam que o corpo era perecível e efêmero, diferente da alma, imperecível e eterna. 

08 novembro, 2011

Você chama isso de relacionamento?


Acabei de dar uma espiada na minha caixa postal de emails. Concentrei a atenção nos emails recebidos. A lista é imensa, classificadas em categorias do tipo:
. não lidos
. lidos e esquecidos
. lidos e com resposta pendente
. não sei porque ainda estão aqui
. não faço ideia do que se trata
. não sei quem é essa pessoa
. o que é que eu tenho a ver com isso
. meu Deus do céu, como deixei passar isso
dentre outras.


A maioria classificada na categoria:
. baixou, não posso ler ou responder agora, faço isso depois, esqueci porque baixaram mais, e agora não sei o que fazer com isso


Evidentemente me senti péssimo por deixar algumas pessoas sem resposta. Lamentei profundamente esse vácuo dos relacionamentos e comecei a pensar coisas do tipo:
. acho que isso já foi resolvido sem a minha ajuda
. cansou de esperar a minha resposta
. como será que as coisas se resolveram, se é que se resolveram
. será que ainda posso fazer alguma coisa
. o que é que as pessoas pensam de mim
. nossa, deve estar pensando que eu sou inacessível


O sentimento que me invadiu foi um misto de vergonha, culpa, e indignação. Na verdade um mistura de sentimentos que somados dá qualquer coisa muito ruím. Mas não me dei por vencido e me dediquei a fazer o que geralmente faço quando estou em apuros: pensar. 


Aprendi com Jesus: o antídoto contra a ansiedade é a reflexão – pare e pense, veja se o que você está sentindo é racional e justificável. Foi essa a recomendação que ele fez aos ansiosos: preste atenção nos passarinhos e nas flores, e veja se a sua ansiedade tem algum fundamento razoável, isto é, veja se faz sentido você se sentir desse jeito.


Foi então que me surgiram alguns insights, suficientes para que eu consiga ir para a cama um pouco mais leve, já que já passa das dez da noite e acabaram de chegar mais dezessete emails em minha caixa postal.


Considere comigo. Há apenas alguns anos, caso uma pessoa desconhecida ou de relacionamento distante desejasse falar com você, tal pessoa deveria (1) esperar até conhecer você pessoalmente e receber de você seu telefone de contato, momento quando você escolheria se iria informar o telefone particular ou de trabalho, ou (2) acessar você através de uma pessoa conhecida, um amigo comum por exemplo, ou então (3) fazer contato ligando no seu local de trabalho para encaminhar assuntos profissionais. Mas as redes sociais abriram um acesso de relações jamais imaginado e impossível de ser controlado.


O celular deixa você à distância de alguns toques no teclado e você recebe torpedos desnecessários com comentários bobos de gente que se julga íntima. O twitter (quem mandou ter twitter?) faz surgir em suas mentionscomentários do tipo “chupa @edrenekivitz” logo em seguida ao primeiro gol do Corinthians num jogo em que os gambás tomaram de 3. Desconhecido o remetente, não respondi, até porque não gosto de bater em bêbado.


Mas o sério mesmo é o email. Os maiores culpados são os caras que desconhecem o significado daquele CCo na terceira linha do cabeçalho doemail a ser enviado. Recebo um sem número de emails circulares com cópias abertas, e fico sabendo do email de um montão de gente com quem não tenho qualquer contato pessoal. Caso os emails coletivos fossem enviados com Cco, isto é, cópia oculta, minha privacidade e a dos meus pares seria protegida. Mas em tempos de www. privacidade é algo ultrapassado.


Outro dia mesmo eu estava almoçando na residência de uma família amiga e alguém me fotografou à mesa para postar no seu facebook ou twitter, sem a menor preocupação em saber se eu queria que minha vida privada fosse compartilhada com seus quatrocentos e vinte e sete “amigos”.


email e o twitter substituiram o contato pessoal. Isso signfica que antigamente o número de pessoas com quem teríamos algum contato que demandaria resposta cabia na agenda diária. Algo semelhante ao que acontece com os médicos. Você deseja uma consulta com o Dr. Fulano De Tal? Marque uma consulta. Caso ele não possa atender você nessa semana, aguarde o próximo horário disponível, pois o Dr. Fulano De Tal só consegue atender oito pessoas por dia. Mas imagine que o e-mail do Dr. Fulano De Talfosse público e que em média ele recebesse 40 mensagens de possíveis pacientes contendo relatos de situações pessoais com descrições de sintomas e histórico de exames e tratamentos aos quias já se submeteram. Imagine também que alguns desses constassem URGENTE no campoAssunto do cabeçalho do email. Certamente chegaria o dia quando o Dr. Fulano De Tal olharia sua caixa postal e se daria conta de centenas de mensagens pendentes não respondidas e algumas inclusive sequer lidas. E provavelmente seria invadido por um peso imenso, pensando no destino de cada um dos pacientes que fizeram contato virtual.
Foi o que aconteceu comigo hoje.

17 setembro, 2011

Não depois, mas enquanto - Ed René Kivitz

Não depois, mas enquanto

Tentar enxergar o sentido por trás das coisas é um exercício que consome muita energia e dá pouco resultado. Boa parte das conclusões a que chegamos não passa de especulação. Fazemos alguma coisa e esperamos que a gratificação venha depois, mas ela normalmente não vem. Acontece conosco, aconteceu com o Eclesiastes. Por quê? Porque a felicidade não é no depois: é no durante, é no enquanto.

A porta de saída desse enigma do Eclesiastes esta dentro do próprio texto: "Na verdade, eu me alegrei em todo o meu trabalho. Essa foi a recompensa de todo o meu esforço" (2:10).

O que aconteceria se nós conseguíssemos desfrutar de cada momento sem esperar que ele nos proporcionasse alguma felicidade futura? Nós conseguiríamos desfrutar o momento sem desperdiçá-lo. E isso faria alguma diferença? Sim, toda a diferença se pretendermos vencer o utilitarismo.

Viver o enquanto é uma atitude que nos devolve à vida. Quando você assiste a um filme, seu prazer está no filme, não depois do filme. Quando você está com fome, seu prazer dura enquanto você está comendo. Depois de se alimentar, não há mais prazer na comida. A roda de amigos, cheia de risadas e camaradagem, é prazerosa enquanto dura a roda. Depois que cada um toma seu rumo, o efeito das risadas se dissipa, e se instala a saudade, que para alguns é um tipo de prazer e felicidade. Quando você dá um abraço apertado no seu filho, aquela sensação de pertencimento deve ser desfrutada enquanto você o está abraçando. Viva sua porção de felicidade enquanto estiver fazendo alguma coisa: ficar esperando uma gratificação posterior é ilusão, é correr atrás do vento.

Viver o enquanto é "a arte de presentificar a vida". Fazendo assim, você volta para a vida, você a vive na hora certa, e vai se alegrar com seu trabalho, porque isso vem da mão de Deus.

***

Trecho extraído do livro: O livro mais mal-humorado da Bíblia, de Ed René Kivitz, capítulo 2, páginas 49 e 50. 

Se você deseja ouvir a pregação Vencendo o Utilitarismo que é o capítulo 2 inteiro do livro, clique na janelinha abaixo e seja abençoado. 






Adquira o livro, tenho certeza que você será recompensado pelas prazerosas páginas de leitura. 

18 abril, 2011

Descalços - Talmidin 107 (Ed René Kivitz)



Tão forte quanto a mensagem que diz: "O trabalhador é digno do seu sustento" é também a mensagem de Jesus ao dizer-lhes que não deveriam levar consigo nada, ou seja, deveriam viver aqueles que anunciam o evangelho um dia por vez, sem acumular e sem nem mesmo pesar-se daqueles que lhes ofereciam o abrigo temporário.

01 abril, 2011

25 março, 2011

A soberania de Deus e a contingência do mundo

Aqueles que estiverem bem da cabeça e não doentes do pé, que podem ler um texto e pensar sem que isso lhes faça doer a perna, sugiro essa excelente leitura e reflexão. Pensar é muito bom, e ao contrário do que os tiranos preferem dizer, melhor é que pensem do que simplesmente aceitem. 

Aos que ao contrário, sentem-se incomodados quando o corpo pensa, sugiro que não leia, poderia o texto fazer-lhe pensar e talvez isso lhe seja incômodo. Portanto, para não lhe doer a perna, não leia, nem pense, nem perca seu tempo com a Palavra e com a sabedoria de Salomão, vá direto ao triunfalismo que lhe apetece. 


Abaixo segue o excelente texto do Pr Ed René Kivitz que não tem dor na perna, nem medo de pensar e falar, que não baseia sua espiritualidade em fama, dinheiro ou qualquer outro bem corruptível que o ladrão rouba e a traça corrói.


Abraço, 


Duda.


A soberania de Deus e a contingência do mundo
Por Ed René Kivitz

Ainda estamos em meados de março e o ano já ganhou contornos apocalípticos. O ano de 2011 está com cara de fim de mundo. A convulsão social na Tunísia, Egito e Líbia, que rapidamente se alastra contra os governos totalitários no Norte da África e no Oriente Médio, as fortes chuvas que assolam o Brasil em mais um verão de tragédias e catástrofes, e a Tsunami no Japão, seguida de acidente nuclear de proporções ainda desconhecidas, exigem explicações que possam trazer um mínimo de estabilidade e segurança para todos quantos estarrecidos acompanham os noticiários diários.

As explicações para tamanha ebuliência de fenômenos sociais e especialmente cataclismos naturais devem dar um jeito de articular pelo menos três variáveis: a realidade de um mundo hostil, a vulnerabilidade da conduição humana e a ausência, distância ou omissão de um eventual ser superior ou mesmo Deus.

Desde tempos imemoriais a humanidade se debate para encontrar sentido – direção e significado – para fatos que ferem a mínima sensibilidade humana: afinal de contas, esse mundo faz sentido? E o que Deus, se é que existe, tem a ver com isso?

A pergunta a respeito do sentido do mundo, se o mundo faz sentido ou não, quer saber se a vida e seu emaranhado de fatos sociais e fenômenos naturais obedece a uma lógica aceitável à racionalidade humana. Perguntar se o mundo faz sentido implica desejar saber se podemos esperar que as coisas aconteçam segundo um critério moral e bom, ou se a vida segue seu curso indiferente aos princípios de justiça da consciência e do comportamento humanos. Quer saber se por trás das tragédias coletivas e dos infortúnios existe uma lógica que justifique todo o sofrimento humano. Em outras palavras, quem quer saber se o mundo faz sentido está em busca de uma explicação razoável para o Holocausto, a Tsunami e a morte violenta de uma criança.

MATRIZ DE POSSIBILIDADES

1. Deus existe e o mundo faz sentido

2. Deus não existe e o mundo faz sentido

3. Deus não existe e o mundo não faz sentido

4. Deus existe e o mundo não faz sentido

Correndo o risco de ser simplório, sugiro uma matriz de quatro possibilidades para que as duas perguntas, a respeito de Deus e do sentido do mundo, sejam respondidas. Observo que as tradições filosóficas e religiosas podem se encaixar, grosso modo, em pelo menos uma das possibilidades.

07 janeiro, 2011

A Sabedoria dos Rabinos

Por Ed René Kivitz
Duas leis a respeito da administração de riquezas

Outro dia um casal amigo precisou de subsídios para decidir a venda de um dos seus imóveis. Na verdade, era bem mais do que um imóvel, era uma propriedade que simbolizava anos de sua parceria conjugal, um lugar muito especial, daqueles feitos a quatro mãos com todos os detalhes contando uma história. Depois de conversar ao telefone, dediquei alguns instantes à oração e depois escrevi para eles um texto resumindo algumas coisas interessantes que aprendi com os rabinos, com referência especial a Nilton Bonder, A cabala do dinheiro, a respeito de propriedades e posses. Duas especialmente.

A primeira é a “lei do máximo proveito”, que diz que o justo não abre mão do que é seu, mas percebe quando o que é seu lhe representa maior ganho não mais sendo seu. O justo passa adiante sua propriedade quando esta transação de transferir a posse lhe proporciona mais prazer, conforto e retorno. Isto é, o justo sabe quando o máximo proveito de uma propriedade está em abrir mão dela.