27 janeiro, 2010

José! E agora?



por Ariovaldo Ramos


Drummond escreveu o poema: E agora José: Onde ele denuncia um José sem saída!

Quando olho para a TV, as notícias que tem, e as que não se deixa ter.

Quando vejo as imagens que, nessa história, se produz, e quando me recuso a vê-las.

Quando vejo os políticos e os líderes que não sabem nada de Canaã, mas amam estar à frente.


Quando vejo que eles apelam a nós, mas não é por nós que lá estão, embora jurem que sim.

Quando vejo os cristãos tentando salvar o cristianismo de seus líderes e de seus institutos.

Quando vejo a maldade em cristãos.

Quando vejo o lucro subjugando os ideais, seja pela compra ou pela distorção.

Quando vejo o que o "progresso" fez ao Planeta.

Quando vejo os ateus se organizando para preparar o mundo para o valor do nada!

Quando os vejo chamar a isso de evolução.

Quando vejo religiosos sonhando com mulheres de burca e com mãos cortadas.

Quando os vejo chamarem a isso de misericórdia.

Quando ouço o grito dos soterrados, o lamento dos encharcados, o gemido dos famintos.

Quando vejo que o mundo não para, tudo continua igual, como se nada houvesse que exigisse arrependimento.

Quando vejo que, por mais que haja socorro, de fato, a justiça passa ao largo.

Quando vejo que o socorro não conserta.

Quando vejo a sociedade civil sendo subvertida, que, não importa quantas eleições haja, o mundo tem dono.

Me dá um nó na garganta, uma vontade de declamar Drummond e de me deixar ser esborrachado pela pedra no meio do caminho.

Então, olho pra cima... Pressinto a volta de alguém... É mais que profecia.

E volto para a estrada, porque é preciso continuar.

E, a cada imagem dantesca que essa nossa história joga na minha cara, eu olho para cima...

E prossigo... José.

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