07 dezembro, 2009

Transformando indignação em mudanças






Rui Barbosa, percebendo o declínio moral de seu tempo, falou sobre um sentimento de vergonha de ser honesto. Este sentimento, tão contemporâneo, talvez traduza aquilo que o homem comum sente diante da mesma percepção frente ao declínio ético daqueles que são eleitos para gerir o país e que deveriam ser exemplo de probidade. São tantas denúncias e escândalos a cada dia que nos esquecemos rapidamente daqueles do mês passado, que ainda não esfriaram. Lamentavelmente, diante da noção de decadência ética geral as pessoas têm se tornado desesperançosas de qualquer melhora, confortavelmente conformadas e até mesmo cínicas em relação ao futuro do país.




Atualmente, vive-se o consumismo, uma geração consumista preocupada apenas consigo mesma e que tende a acomodar-se, apática, em relação ao semelhante. Na “aldeia global” cresce o isolamento e, portanto, a omissão àquilo que supostamente não me diz respeito porque, afinal, não se pode mesmo mudar nada! No entanto, quem fica de braços cruzados e dando de ombros não percebe que a culpa pela má qualidade ou mesmo ausência de educação, saúde ou segurança, por exemplo, não está unicamente na classe política, neste ou naquele político corrupto, mas também naqueles que se conformam, não traduzindo sua indignação em atitudes de mudança. Onde está o espírito dos que combateram a ditadura militar? Onde está o ímpeto dos caras-pintadas que destituíram um presidente da República corrupto? 

As principais mudanças sociais da história começaram nas bases, com gente comum. Portanto, para soprarem ventos de comprometimento ético no cenário nacional, para que a corrupção que engessa o crescimento do país acabe é preciso deixar a apatia e converter a indignação em atitudes práticas. Pequenas ações levam a grandes mudanças. Assim, tão importante quanto ter valores éticos, são as ações de cidadania no bairro onde se mora ou na escola onde estuda. Sem engajamento social e desprendimento do comodismo não se pode esperar melhoras. Um país e um mundo melhores são possíveis quando as mudanças começam em cada um e a partir de cada um de nós.



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Gostei do texto e decidi publicar, mas o autor solicitou anonimato. 

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