18 dezembro, 2009

O Buraco da Agulha - por Eduardo Gazola


“Então, disse Jesus a seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.” (Mateus 19:23-24)


“E eis que alguém (príncipe entre os fariseus), aproximando-se, lhe perguntou: Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me perguntas acerca do que é bom? Bom só existe um. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos. E ele lhe perguntou: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Replicou-lhe o jovem: Tudo isso tenho observado; que me falta ainda? Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me. Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades.” (Mateus 19:16-22; Marcos 10:17-22; Lucas 18:18-30)

Esse jovem mesmo sendo um Príncipe Fariseu, conhecedor da palavra, um religioso oficial, tinha uma dúvida quanto à sua salvação, e essa dúvida vinha de uma razão, ele cria que pelas obras de suas mãos seria salvo. Esse é o primeiro ponto que Jesus o combate, dizendo que só um é bom, só um poderia ser salvo por si, o Senhor.

A obra desse jovem era feita como uma obrigação, Jesus queria ensinar que somente a razão, o intelecto não poderiam fazer por ele. Ele precisava se desprender desses vínculos menores. A salvação é tão somente pela Graça. (Gal 2:16)
O segundo ponto que Jesus mexeu nesse jovem foi no seu discurso. O jovem disse que fazia toda a boa obra, mas ele não sabia do que estava dizendo.
Os 5 primeiros mandamentos que Jesus lhe disse poderiam ser feitos por esforço, tudo era uma questão de ação, se ele observasse bem poderia fazer isso com perfeição. Então Jesus foi além e lhe disse que ele precisava amar. Ora, amar não é algo que se faça por esforço. Paulo falou sobre o amor, em I cor 13:4-8 ele dá uma idéia do que é o amor.
O jovem certo de que agora tinha conseguido constranger o mestre não esperava por sua ação. O verbo que vive foi direto no ponto.
Como aquele jovem podia dizer que amava o seu irmão como a si mesmo sendo ele rico e os judeus ao seu redor viverem em miséria? Ele via a situação dos seus irmãos e não fazia absolutamente nada para mudar aquilo, não abria mão de ser rico em favor dos que nada tinham.
“O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” I Tim 6:10

Aquele jovem amava sua riqueza acima dos seus irmãos. Isaías nos diz no capítulo 5 verso 8 que “Maldito aquele que ajunta casa a casa, campo a campo, até que não haja mais lugar ficando como último morador da terra”.
Quando nós amontoamos riquezas, ou seja, além daquilo que precisamos de fato para nosso sustento, fazemos perecer àqueles que tem menor sorte.

O consumismo do presente século demonstra o quanto o homem pode ser egoísta e mesquinho. Comprar tornou-se um hobby, um passa-tempo, as pessoas compram o que não precisam, e para alimentar esse vício muitos são massacrados pelo sistema. Cada vez que você troca de ipod, celular, ou mp15 (já estamos até passando isso), ou qualquer outra bugiganga porque acrescentaram um botão, uma luz, ..., alguém na China trabalha 20h pra produzi-lo. O sistema é cruel com uns para que outros possam comprar, comprar e comprar.

A poluição que destrói o nosso planeta, polui nossos rios, arrasa com nossas terras, é apenas um fruto disso, um reflexo dessa avareza humana. Existe uma ilha de lixo no oceando, aproximando-se do japão, são toneladas e toneladas de lixo que as pessoas não querem mais. São geladeiras, fogões, plástico, carros, pneus, tudo o que você possa imaginar, boiando no oceano. O jovem achava que nada fazia de mal pelo simples fato de ter muitas terras, mas o fato dele poder comprar não deveria lhe dar o direito de ter toda a terra, talvez comprando hipotecas de outros moradores, ou ainda oferecendo maior preço ao proprietário fazendo com que um de menor posse não possa comprá-la. Os agentes do reino não podem considerar isso certo, não podem abonar essa desigualdade aonde uns podem muito e outros nada.

Outro reflexo de nossa sociedade é a aparência, aonde o ter tornou-se mais importe do ser. O caráter de uma pessoa não importa se seu bolso possuir algumas garoupas. Isso está errado e nós como sal e luz precisamos apontar esse erro e ajudar a sociedade a enxergar seu erro.

Quando Jesus lhe disse que ele deveria distribuir o seu excesso, este jovem deve ter pensado como Gérson, “O que eu ganho com isso?”. Nem tudo é lucro, nem tudo é vantagem. O que parece ao homem não é necessariamente o certo. Precisamos abrir mão de nossa vontade pela vontade de Deus e pelo bem comum.

Talvez sozinho você não possa mudar o mundo todo, mas com certeza você pode impactar todo o seu mundo. As pessoas que te cercam, as pessoas da tua família, as pessoas do seu círculo social, ali você pode impactar e demonstrar a diferença, e assim você muda todo o seu mundo.

Jhon Wesley, fundador da igreja metodista, disse uma vez: “Ganhe o máximo que puder, poupe tudo o que conseguir e doe tudo o que for possível”. Wesley viveu essa realidade uma vez que sendo rico (pela venda de seus livros) abdicou de uma vida regada nessa terra em favor de muitos que não tinham como sobreviver em seu tempo. Na parábola dos talentos (Mateus 25:14-30) Jesus falou sobre o princípio de prosperar diligentemente o que recebemos, de trabalhar e agir com sabedoria. Nem por isso devemos amontoar o soldo. Em Lucas 12:16-20 Jesus falou sobre o homem que encheu os seus celeiros mas foi considerado louco por Deus por ter prosperado materialmente esquecendo-se de Deus. "Louco! Essa noite te pedirão a tua alma, o que tens para oferecer?"

A igreja primitiva, para citar, também viveu essa realidade uma vez que tudo o que tinham, o tinham em comum, vendiam e dividiam para que todos tivessem como sobreviver, nada era de apenas um, mas tudo era de todos.

É possível que alguém faça boas obras sem contudo ter fé, esse faz pelo seu próprio esforço e não pelo amor, esse já ganhou sua recompensa. Mas contudo é impossível que haja fé sem obras.

Em Tiago 2:17-20; 26 temos:
17 Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. 18 Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. 19 Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem. 20 Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? 26 Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta.

“A fé sem obras é morta, e porque é morta não é fé, mas antes, é fétida”.

- Podemos tirar então disso uma lição, que podemos aplicar aqui mesmo, na “Judéia”, nesse natal presenteie algum irmão, faça algo por alguém, faça a diferença em alguma família. Você pode impactar o mundo de alguém.

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.” (Mateus 19:23-24)


Duda.

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