Por Luciano Gazola
Enfim é Natal! Época do ano em que se costuma dizer e ouvir: “Passou voando”, “Parece que foi ontem”. De fato, nessa roda viva da vida, mal conseguimos acompanhar o calendário. Mas enfim é Natal, há um brilho no ar, o ano termina e começa também. O Natal exerce os seus fascínios, trás suas esperanças e sentimentos pessoais profundos em cada um. Para mim, sempre foi uma época encantadora. Minha vida foi se construindo de Natal em Natal.
Como esquecer do Natal germânico na casa de dona Ana Gering Kunzel, minha avó materna? Dona Ana teve quatro filhas - uma delas a mais bonita, minha mãe - e na noite do dia 24, a Ceia da véspera era lá! Muita comida, e que comida; a bela árvore alemã; dona Ana sentada na cadeira de couro amarela coberta por um tapete de retalhos coloridos; e os netos, todos os oitos homens em volta. No dia 25 era a vez da festa italiana na casa da nona, dona Rosina Loi Gazola, e a “gringaiada” toda reunida, muita comida, muito barulho, netos e netas. Não me lembro dos presentes, mas me lembro dos abraços, das apostas nas rodadas de canastra e outras coisas mais. A árvore estava lá, com uma diferença significativa, um belo presépio. O ilustre Aniversariante passava quase desapercebido dentro da manjedoura.
O centro da festa eram os presentes, os tão esperados presentes. Como esquecer do papai Noel que chegava de jipe com um saco nas costas. Como esquecer do dia em que descobrimos que na verdade o Papai Noel era o Tio Idulcino? Acabou-se a inocência do Natal, mas não o brilho da festa. Um Natal protestante, mas sem Bíblia e, sinceramente, por muitos anos sem que o Aniversariante ilustre fosse lembrado.
Como esquecer do Natal de 1998, meu primeiro sermão. Em pé na frente da mesa, eu e meus pais e irmãos, uma bíblia na mão, tremia mais do que o Estádio Olímpico em dia de grenal. Lia o profeta Isaias, dizendo que um menino se nos deu e que seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus forte, o Pai da Eternidade, o Príncipe da Paz.
Agora pouco, antes de sentar para escrever, a Priscila acabou de montar a árvore. Gosto da árvore, gosto das luzes, gosto da cultura, dos presentes, não acho que devemos demonizar nem tão pouco espiritualizar símbolos. Os símbolos têm seus lugares e nada mais do que isso. Gosto da idéia de um Natal de família, um Natal de ceia, um Natal de esperança. Se pudesse voltar ao tempo dos natais germânicos ou italianos faria tudo de novo, porém com uma grande diferença: não deixaria o Evangelho de fora de sua própria festa!
O que é o Natal? Sei que Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro, como sugere nosso calendário “cristão”, mas e daí ? Quem pode me dizer, infalivelmente, o dia em que Ele nasceu? Não são os dias que fazem os eventos terem valor. Jesus nasceu e isso é o que deve ser proclamado todos os dias, esse é o Natal. O Deus menino cresceu, o Deus menino desceu do trono e se fez Emanuel (Deus conosco).
O Natal que abraçava os leprosos, o Natal que desafiava a religião e os religiosos, o Natal que cura, que chama, que batiza, que faz da água vinho, que anda sobre as águas, que divide o pão e o multiplica e o faz sobrar, que lava os pés de Pedro e também de Judas, o Natal que chora, que diz passe de mim esse cálice se possível, mas faça a Sua vontade. O Natal das crianças, dos velhos, dos judeus, dos samaritanos... Foi assim que o Natal surgiu, uma estrela que guia o caminho, reis que vêem de todos os cantos da terra, um Natal para todos.
O Natal de Jesus não era cristão, nem Judeu e não deve ser hoje nem evangélico nem católico. O Natal deve ser de todos e para todos. Também não é ecumênico, por que tudo que se obriga a ser vira religião. O Natal é Jesus e Jesus é Deus e Deus não é mero rito, mera história, filosofia ou tradição, nem teologia. Deus é Jesus, é vida e vida Livre.
Então, já que enfim há muitos mil anos chegou o Natal, viva, viva ele você. Seja feliz, faça ceia, abrace, beije, dê presentes, conte historia, sente à mesa, pegue a criança no colo, ame, perdoe e cultue, cultue Ele por que Ele nasceu e enfim é Natal.
Um Natal cheio de esperança para vocês todos e sempre em Jesus.
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