08 setembro, 2010

Minha megalomania

por Luciano Gazola
Ouve um tempo em que sonhei ser um jogador de futebol, não meramente um jogador mas do tipo desejado, daqueles que vão para Europa que ganham camisa eterna do Grêmio, daqueles que o Grêmio nunca teve. Ronaldinho Gaúcho? Não. Eu to falando de desejo mesmo, coisa megalomaníaca... desejei ser “Luciano” e esse Luciano era uma espécie de Pelé branco!
Sonhava com isso, teria fama, dinheiro e me transformaria em uma espécie de herói, o Airton Senna dos campos, mais do que ele, mais do que ele... Claro que ninguém nunca soube disso. Primeiro por que jamais em sã consciência externizaria para alguém essa maluquice. Segundo por que qualquer um que jogasse bola comigo ou me visse jogar diria que isso era impossível, poderia eu no máximo jogar em algum desses times “rebinhas” como o colorado dos pampas ou o timão de São Paulo. Nunca mexi uma vírgula para que esse desejo viesse ao mundo real, nos meus sonhos e nos pensamentos desocupados de minha mente eu era esse cara, mas na vida, na vida mesmo, nem me esforçava para ser.
Será que to do mundo tem desejos megalomaníacos? Desconfio que sim. Já quis ser famoso. Já quis ser desejado. Já quis ser brilhante. Já quis até ser invisível ou até ter poderes de outro mundo.... Com certeza já quis ser o melhor. As vezes esse sujeito louco ainda tenta querer alguma coisa dentro de mim e as vezes eu deixo ele sair, por que não se vive sem sonhos, não se vive sem desejos e há desejos que mesmo loucos são graciosos. Aprendi a ensiná-lo e agora ele sabe que não há nada mais prazeroso do que o prazer da vida real. Criei rombos na minha alma em busca de algo que não chegaria nunca e me impediria de ter o que já tinha. O que tenho hoje tenho com todas as forças, é meu e ninguém tasca!
Caminhar na graça não tem sido para mim abandonar utopias nem maluquices, ainda sonho com sonhos impossíveis, não me livrei de todos eles, nem quero. Tenho sonhos coletivos e tenho sonhos pessoais, tenho até sonhos egoístas, mas não tenho medo deles porque não me fazem mais um “sonhador”. Aprendi que a Graça na graça da vida está em viver. Quando vivo na Graça meus sonhos doentes adoecem e morrem, se calam ou me impulsionam para sonhos verdadeiros e possíveis, sonhos bons que fazem vida!

Aprendi a fazer o altar de cada dia e Deus gosta de altares e eu gosto de fazê-los...
A felicidade não está na realização de sonhos, a felicidade não está nas grandes conqusitas, nas loucuras ocultas de nossa alma. A felicidade está no caminho, está Nele e Ele é o caminho! Na graça do caminho não importa o tamanho da conquista, conquista é sempre conquista, por isso Ele disse “Se fiel no pouco e será no muito” porque a graça não está no pouco ou no muito mas no ser fiel. Só é Fiel quem celebra a vida e para celebrar a vida só é preciso nascer, existir, pena que por muito tempo nasci sem nascer mas agora que já nasci faço altares ao Rei da Glória.

Quer saber ? Não tenho o corpo do Leonardo Dicaprio nem a grana do Eique Batista, não posso fazer topete de cem mil reais, ainda sofro pra pagar minhas contas, as vezes tenho dores nas costas, nunca fui a Europa nem aos EUA, continuo torcendo pelo Grêmio, não casei com a musa da minha escola, não moro em nenhuma capital, não sou pastor da maior igreja, não tenho todos os amigos que queria ter, tenho alguns que não queria, ainda tenho medo de avião, não serei nunca mais o melhor jogador do mundo, ainda choro mas durmo em Paz, nunca vou dançar como Michael Jakson mas também não tomo remédio para dormir nem para acordar. Não há rombo em minha alma. Não há nada que me impeça de sonhar, mas também não há mais nada que me faça sonhar sem viver.

Viva o caminho, viva a vida, e viva cada altar a cada dia.
Beijo e vida, Lucio.

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