por Ricardo Gondim
Não tolero multidões. Não gosto de empurra-empurra. Sou de fácil convivência, mas não aceito me ver constrangido a fazer o que não quero. Sou dobrável, mas eu viro cavalo xucro quando noto que estão tentando encabrestar-me.
Suplico, não me empurrem para heroísmos vazios de significado. Recuso calçar coturnos que me deixariam com o garbo dos vencedores. Por mais que implore, alguns insistem, e não se conformam que eu não queira encarar certos desafios. Na fábula, a raposa desprezou as uvas que não conseguiu alcançar. Eu, todavia, desprezo as uvas que já comi. Testemunhei as vaidades de quem se sentia “usado por Deus” e vi que os “ungidos” viviam inebriados por seus discursos; mal conseguiam pisar o chão sujo, comum aos mortais. Mas, olhando para trás, os “usados por Deus” não passavam de celebridades bem acostumadas com palcos.
Suplico, não me empurrem para rinhas teológicas. Não aceito provocações. De nada adianta chamar-me de herético, apóstata, desviado. Quando era menino, briguei todas as vezes que mexeram com a mamãe. Mas passei dessa fase. Noto que alguns têm uma vontade doida de ganhar fama às minhas custas. Ainda dolorido com a sorte de centenas de milhares que morreram no Tsunami asiático, cai na esparrela de replicar a alguém que criticou o que escrevi. Acabei dando notoriedade aos argumentos de um fundamentalista, que subitamente ganhou notoriedade. Nunca mais deixarei que me façam de escada para que discursos assépticos fiquem conhecidos.
Suplico, não me empurrem para ambientes que desprezo. Não tentem me convencer que alguns eventos são precisos para o avanço do Reino de Deus. Não pretendo validar conceitos que estão embutidos em congressos que tentam consolidar dogmatismos toscos. Não vou a simpósios ideologicamente submissos a patrocinadores ricos. Quero pensar e me sentir livre para dizer o que penso. Filho de um preso político, sinto asco dos Torquemadas de qualquer estirpe.
Suplico, não me empurrem para longe de quem luta pela vida. Perdi todo o medo de quem não faz parte de meu arraial. Gosto de literatura e nunca pergunto a filiação religiosa dos grandes romancistas. Li “O Velho e o Mar” de Hemingway, “A Pérola” de Steinbeck, “Fogo Morto” de José Lins do Rego, “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, “Crime e Castigo” de Dostoievski e nunca perguntei se eram crentes, ateus, ou agnósticos. A cravo de Mozart, o pincel de Van Gogh, o cinzel de Michelangelo, os passos de Gandhi, as preces de Madre Teresa e a militância de Martin Luther King estão acima dos minguados catecismos do movimento evangélico.
Careço de leveza para caminhar, minha sina é pesada. Sentado à mesa para escrever, quero espaço para os cotovelos. Já não tão jovem, não posso jogar tempo pela janela com sufocos e encontrões. Naturalmente introspectivo, sofro com os constragimentos de quem gosta de guiar manadas. Por isso, insisto em minha súplica: não me empurrem, por favor.
Soli Deo Gloria
14-06-10
Suplico, não me empurrem para heroísmos vazios de significado. Recuso calçar coturnos que me deixariam com o garbo dos vencedores. Por mais que implore, alguns insistem, e não se conformam que eu não queira encarar certos desafios. Na fábula, a raposa desprezou as uvas que não conseguiu alcançar. Eu, todavia, desprezo as uvas que já comi. Testemunhei as vaidades de quem se sentia “usado por Deus” e vi que os “ungidos” viviam inebriados por seus discursos; mal conseguiam pisar o chão sujo, comum aos mortais. Mas, olhando para trás, os “usados por Deus” não passavam de celebridades bem acostumadas com palcos.
Suplico, não me empurrem para rinhas teológicas. Não aceito provocações. De nada adianta chamar-me de herético, apóstata, desviado. Quando era menino, briguei todas as vezes que mexeram com a mamãe. Mas passei dessa fase. Noto que alguns têm uma vontade doida de ganhar fama às minhas custas. Ainda dolorido com a sorte de centenas de milhares que morreram no Tsunami asiático, cai na esparrela de replicar a alguém que criticou o que escrevi. Acabei dando notoriedade aos argumentos de um fundamentalista, que subitamente ganhou notoriedade. Nunca mais deixarei que me façam de escada para que discursos assépticos fiquem conhecidos.
Suplico, não me empurrem para ambientes que desprezo. Não tentem me convencer que alguns eventos são precisos para o avanço do Reino de Deus. Não pretendo validar conceitos que estão embutidos em congressos que tentam consolidar dogmatismos toscos. Não vou a simpósios ideologicamente submissos a patrocinadores ricos. Quero pensar e me sentir livre para dizer o que penso. Filho de um preso político, sinto asco dos Torquemadas de qualquer estirpe.
Suplico, não me empurrem para longe de quem luta pela vida. Perdi todo o medo de quem não faz parte de meu arraial. Gosto de literatura e nunca pergunto a filiação religiosa dos grandes romancistas. Li “O Velho e o Mar” de Hemingway, “A Pérola” de Steinbeck, “Fogo Morto” de José Lins do Rego, “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, “Crime e Castigo” de Dostoievski e nunca perguntei se eram crentes, ateus, ou agnósticos. A cravo de Mozart, o pincel de Van Gogh, o cinzel de Michelangelo, os passos de Gandhi, as preces de Madre Teresa e a militância de Martin Luther King estão acima dos minguados catecismos do movimento evangélico.
Careço de leveza para caminhar, minha sina é pesada. Sentado à mesa para escrever, quero espaço para os cotovelos. Já não tão jovem, não posso jogar tempo pela janela com sufocos e encontrões. Naturalmente introspectivo, sofro com os constragimentos de quem gosta de guiar manadas. Por isso, insisto em minha súplica: não me empurrem, por favor.
Soli Deo Gloria
14-06-10
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