por Ted Límpic
INTRODUÇÃO
A Bíblia é um dos livros mais antigos já conhecidos pela humanidade e, sem dúvida, o mais curioso!
Mesmo tendo vários séculos de idade o conteúdo informativo da Bíblia, em sua forma atual, é o mesmo das primeiras cópias escritas em hebraico, aramaico e grego.
Como editor, sei quanto é difícil manter a originalidade de um livro após sucessivas edições revisadas. Por exemplo, a obra “Os Lusíadas” de Camões, historicamente muito mais jovem do que a Bíblia, já sofreu alterações em seu conteúdo que o texto atual pouco tem a ver com o manuscrito original.
Aristóteles, famoso filósofo, cuja obra é estudada nas principais universidades do mundo, escreveu seus livros por volta de 343 a.C.; entretanto a cópia mais antiga que temos, é datada de 1100 A.D., mostrando portanto, um lapso de 1400 anos, e existem apenas 5 originais!
Quando examinamos a autoridade dos manuscritos do Novo Testamento, por exemplo, a abundância de material é surpreendente em contraste com qualquer outro livro do passado.
Atualmente existem mais de 20.000 cópias dos manuscritos do Novo Testamento em todo mundo, com absoluta fidelidade de conteúdo entre eles.
“A Ilíada” é considerada a obra que vem em segundo lugar em termos de maior número de evidência manuscrítica após a Bíblia com somente 643 manuscritos.
DE ONDE VEIO A BÍBLIA?
1. O que acontece depois da morte?
2. Deus existe? Quem é ele?
3. É possível comunicar-se com Deus?
4. Teremos corpos diferentes na eternidade?
Existem na vida, poucas perguntas mais relevantes do que estas, que têm sido inclusive, objeto de busca de homens e mulheres ao longo de todos os tempos.
Apesar dessa procura estender-se aos mais variados níveis e lugares (astrologia, ciência, parapsicologia, religião, esoterismo, etc.), o fato curioso é que todas as respostas estão mais perto do que se imagina. Encontram-se num único livro chamado BÍBLIA.
Sem dúvida alguma, a Bíblia é o livro mais especial que já existiu.
As vezes a única resposta é:
1. Deus usou um anjo para nos entregar esse livro; uma forma especial de entrega rápida, tipo “DLH”?
OU
2. Escreveu tudo lá no céu e depois enterrou o manuscrito no alto de um monte para alguém descobri-lo?
Como então, esse livro chegou até nós? Trata-se de uma fascinante história e agora vamos descobri-la.
Todos os livros contidos na Bíblia vieram de Deus. Tudo começou com Ele. O Deus, Criador do mundo, resolveu criar um livro especial com todas as informações que precisamos para conhecê-lo e para orientar nossas vidas. Algo como o Manual do Proprietário de um veículo.
Várias vezes, através dos séculos, Deus manifestou-se a certos homens, fazendo com que eles escrevessem exatamente o que Ele queria - 100% perfeito. Foi um método misterioso e maravilhoso. Não conhecemos maiores detalhes, mas antes do nascimento de Jesus, Deus já havia utilizado esse processo 39 vezes. O resultado foi 39 livros, aos quais chamamos de Antigo Testamento. Depois de Cristo, Deus repetiu o procedimento em mais 27 vezes (o Novo Testamento). Resultado, 27 livros, totalizando assim os 66 livros.
Inspiração, então, foi o processo misterioso em que Deus manifestou-se a homens escolhidos e como resultado, escreveram exatamente o que Deus queria; nem mais nem menos. ((1Tm3.16; 2Pe 1.20,21; Hb 1.1,2; 2Pd 3.16).
Quantas vezes? Sessenta e seis.
Resultado? 66 livros diferentes.
Mas como eram os livros daquela época? Feitos do papel como hoje? Não.
No início, os livros eram feitos de barro. Cada página era um tábua de barro seco. Pegavam e molhavam a terra, colocavam-na na forma, pegavam uma varinha para escrever em cima do barro molhado e deixavam secar. Pronto, cada página parecia um tijolo fino. Dessa forma, os livros não eram tão fáceis se serem feitos, nem de serem carregados. E, se você deixasse cair, sua folha “explodiria” em mil pedaços!
Depois, descobriram que poderiam usar uma certa planta de brejo chamada “papiro”. Essa planta possui um caule em forma de tubo. Cortavam e abriam ao meio, esmagavam, enlaçavam com outros caules e os deixavam secar. Uma vez secos, podiam colar um ao outro para formar uma tira bem grande, chegando até uns dez metros de comprimento.
Daí colocavam um pedaço de madeira numa ponta, e enrolavam a folha toda para formar o que chamavam de “rolo”, dando origem à conhecida expressão: “que rolo, meu!”.
Os rolos eram muito melhores que os tijolos. Menos peso. Mais espaço. Num só rolo, conseguiam escrever um livro inteiro.
Mesmo assim, não era muito fácil carregar mais do que um ou dois rolos. Agora, imagine você chegando em sua igreja com uma Bíblia dessa forma: 66 rolos debaixo do braço... Impossível! Seria preciso um caminhão!
Foi por isso que o próximo avanço foi tão significativo. Um dia alguém, não sabemos quem, olhou para um rolo de dez metros de comprimento, e pensou: “Puxa, se eu cortasse aqui, aqui e aqui, pegasse estas folhas, colocasse uma em cima da outra e desse uma grampeada ali e ali, ficaria um livro muito melhor! E ficou! Resultado: um livro “normal” (ao nosso ver), que comportava 60, 70, 80 rolos.
2. SELEÇÃO
Com esse novo tipo de livro (chamado “códice”) foi natural então querer colocar todos os 66 rolos juntos, para ter assim a Bíblia inteira num só volume. Nesse meio tempo, porém, outras pessoas inventaram outros “livros divinos” sem a inspiração de Deus. Surgindo então, a necessidade de se fazer uma seleção, dando aos livros verdadeiramente inspirados por Deus, o valor que mereciam, negando aos outros entrada na “lista oficial”.
Os estudiosos chamam essa etapa de “canonização”, e ela durou uns 150 anos. Foi um processo fascinante e misterioso em que o próprio Deus dirigiu e supervisionou a escolha dos livros certos usando concílios e conselhos ( até mesmo as intrigas e politicagens dos homens), para cumprir Sua perfeita vontade.
De fato, até então não havia muita dúvida sobre os livros do Antigo Testamento. Essa lista já fora definida antes do nascimento de Jesus. A lista a ser definida era a do Novo Testamento. E o que pesou mais nessas decisões, foi se o livro “candidato” tinha ou não algum vínculo direto com um dos discípulos originais ( sendo escrito por um apóstolo ou por alguém debaixo da autoridade de um apóstolo).
Até o ano de 230, todos os livros que hoje constam na nossa Bíblia, já haviam sido oficialmente acrescentados à lista, fazendo parte da Bíblia oficial. O Concílio de Hipo fez uma última confirmação da lista em 367.
3. REPRODUÇÃO
Um livro, em forma de rolo ou da forma que hoje conhecemos, tinha uma vida relativamente curta. Quando a tinta começava ficar fraca, ou o papel a rasgar e desfazer-se, indicava a necessidade de se fazer a cópia.
Qual o processo atual para se conseguir uma cópia? É só dar um “pulinho” a uma gráfica. Outra opção, é tirar um xerox. Só que naquela época, não haviam gráficas e nem xerox. Como então as cópias eram feitas? - A MÃO! Nos mosteiros daquela época, os monges e sacerdotes dedicaram muito tempo para copiar os 66 livros da Bíblia. Não era fácil. Às vezes um lia, enquanto os outros copiavam Outras vezes cada um trabalhava independentemente sem falar. Era um processo estranho aos nossos olhos. Não usavam pontos, vírgulas - nada de acentuação gráfica. Não utilizavam nem espaços entre as palavras. As letras eram todas maiúsculas e penduradas na linha. E foi nesse ponto que as coisas começaram a esquentar...
4. TRADUÇÃO
Tradução é o processo de passar o texto bíblico para um outra língua. Nos dias de Jesus, o mundo todo falava a mesma língua. Qual era essa língua? O GREGO. A língua grega se tornou tão importante que os judeus traduziram o Antigo Testamento (escrito em hebraico e aramaico) para o grego. Essa tradução foi chamada de Septuaginta.
Após 400 anos, porém, a língua dominante não era mais o grego, mas sim o LATIM. E um estudioso chamado GERÔNIMO, se deu o trabalho de traduzir a Bíblia do grego para o latim. Foi um trabalho muito bem feito. Essa tradução chamou-se Versão Vulgata ( Vulgata significa língua do povo) e era usada dentro da igreja católica como tradução referencial, oficial.
Agora, vamos “pular” uns mil anos. Estamos no ano de 1400. O latim não é mais a língua mais falada. Numa ilha perto da costa européia, fala-se uma língua estranha chamada INGLÊS. Não existia Bíblia em inglês. Só em latim. Ninguém entendia as Escrituras a não ser os padres que haviam estudado latim para poderem se formar em Teologia. E o homem comum? Não tinha condições de ler nem entender nenhuma palavra da Bíblia, que era um livro “trancado”, inacessível, fora de alcance.
Essa situação passou a perturbar um certo religioso inglês chamado Wiclif. Ele começou a pensar: “Puxa, que pena! A Bíblia é tão jóia, mas só nós, os padres é que conseguimos lê-la. Isso é errado! Temos que mudar esta situação”. E ele não ficou só nas palavras! Partiu para a ação... Traduziu a Bíblia inteira do latim para o inglês! Ao mesmo tempo, Wiclif começou a incentivar outros padres a pregarem sermões da Bíblia. Ele costumava dizer: “Eu acho que o homem mais pobre da cidade deveria ter a chance de ler a Bíblia e ouvi-la em sua própria língua”.
Para nós, nos dias de hoje, essas colocações não parecem tão radicais. Mas, para o tempo de Wiclif, eram idéias muito revolucionárias (e perigosas para as pessoas no poder que se sentiram ameaçadas). Wiclif porém, permaneceu firme e seus seguidores começaram a fazer cópias da Bíblia inglesa, copiando cada versículo a mão!
As autoridades reagiram e tentaram apreender as cópias. Baixaram uma lei: Se pegassem alguém com uma Bíblia alguém com uma Bíblia em inglês, queimariam a Bíblia. Se houvesse reincidência, ou seja, a mesma pessoa fosse pega com a Bíblia em inglês uma segunda vez, queimariam a Bíblia juntamente com a pessoa (viva). Muitos seguidores de Wiclif morreram dessa forma. Copiaram a Bíblia e depois pagaram o preço: a própria vida. Wiclif mesmo, não conseguiram prender. Ele fugiu de um lugar para outro, vindo a falecer por causas naturais em idade avançada. Mas as autoridades estavam tão furiosas com ele, que desenterraram seus restos mortais, queimaram seus ossos e jogaram as cinzas no Rio Tâmisa. Mas naquela altura do campeonato, Wiclif não sentiu nada! “não estava nem aí”. De fato, ele já se encontrava no céu observando tudo e dando a maior gargalhada!
As Bíblias de Wiclif, traduzidas do latim para o inglês, aumentavam por todo país, pois seus seguidores continuavam a fazer cópias, mesmo sob ameaça de morte.
Vamos pular mais cem anos. Estamos no ano de 1500. As Bíblias de Wiclif, continuaram cada vez mais notórias na Inglaterra. A pena de morte permanece. Surge agora um novo “herói” chamado Tindale. Ele ficou encantado com a Bíblia de Wiclif. Só que pensou assim: “A idéia está certa - uma Bíblia na linguagem do povo. Mas Wiclif fez uma tradução do latim, que já é uma tradução do grego e hebraico. E Tindale se dedicou ao desafio de aprender grego e hebraico para fazer uma nova tradução: a primeira Bíblia em inglês a ser traduzida direto das línguas originais.
Demorou alguns anos. Anos de estudo e trabalho árduos. Ele estava conseguindo, quase completando a tradução, quando um dia, do segundo andar da sua casa, viu alguns dos seguidores de Wiclif sendo queimados vivos. As autoridades estavam ameaçando novamente e aproximando-se muito dele.
Tomando consciência que o perigo estava ficando muito grande e que poderia correr o risco de perder tudo (a tradução e a vida), Tindale fugiu para Alemanha (território de Lutero), onde havia mais liberdade e segurança. Há mais um fato importante a respeito da Alemanha, digno de ser mencionado. Nos dias de Wiclif e Tindale, um alemão chamado Gutemberg, inventou uma máquina que literalmente transformou o mundo: A IMPRENSA. Agora, havia a possibilidade de se fazer cópias da Bíblia com uma rapidez jamais imaginada. Tindale terminou a tradução na Alemanha, entregou-a para a gráfica imprimir e ficou aguardando ansiosamente. Ele pensava: “Puxa vida, cem anos atrás uma cópia em inglês só se conseguiria após muitos meses de trabalho. Daqui a pouquinho, centenas de cópias ficarão prontas em apenas alguns dias”.
Mas, de repente, tudo quase foi por água abaixo...
Uma noite, o rapaz da gráfica estava no barzinho da esquina bebendo sua caipirinha e conversando com o padre que também estava lá tomando “um cafezinho”. Ficando cada vez mais “alegre”, começou a “soltar a língua” e a falar de seu projeto “secreto” de imprimir um livro religioso numa língua esquisita. O padre fez algumas perguntas e logo descobriu que realmente se tratava de uma Bíblia inteira que estava para sair em inglês.
O padre deixou o barzinho e foi direto contar tudo para seus superiores. Eles fizeram planos de “visitar” a gráfica e “conhecer” a tradução mais de perto na noite seguinte. Pela misericórdia de Deus, “um passarinho” avisou Tindale da tramóia e ele correu para a gráfica conseguindo chegar lá antes dos padres. Com sua tradução debaixo do braço, partiu para outra cidade da Alemanha.
Finalmente, nesse outro local, a nova Bíblia pôde ser produzida e surgiram centenas de Bíblias em inglês. Tindale vibrava! mas, havia um “porém” na situação...
Bíblias em inglês não tinham muito valor na Alemanha! Como levá-las para a Inglaterra?
Tindale então, tornou-se um “contrabandista” de Deus! Ele colocava as Bíblias dentro de caixas, em meio à palha e às roupas das pessoas. Dessa forma, as novas Bíblias começaram a “pipocar” dentro da Inglaterra.
Agora, pense na reação das autoridades inglesas. Já estavam até o pescoço apreendendo as Bíblias de Wiclif (copiadas a mão). Imagine agora a reação do Bispo quando descobriu essa nova onda de Bíblias: Bíblias impressas numa gráfica. Ele explodiu de raiva!!
A Inglaterra foi colocada sob quarentena. Soldados espalhados por todos os portos do país. Qualquer pessoa que entrasse na Inglaterra deveria submeter-se a uma vistoria oficial. O governo lançou de uma campanha contra essa “praga”: Drogas? Aids? Não, a Bíblia!
A cada semana tornava-se mais evidente que a campanha não estava funcionando. Todos os domingos queimavam no centro de Londres todas as Bíblias apreendidas durante a semana. Só que a fogueira ficava cada vez maior.
Desesperado o Bispo chamou o empresário mais rico da Inglaterra, o Sr. Packington que atuava na área de importações.
Segundo a história, a conversa foi mais ou menos assim:
- Sr Packinton (diz o Bispo) , temos que fazer alguma coisa para acabar com esses malditos livros. Por favor, viaje imediatamente para Alemanha, descubra a fonte e compre para mim todas essas Bíblias para que eu possa acabar com elas de vez.
Packignton respondeu:
- Tudo bem, só que isso vai custar muito dinheiro.
- Não tem problema com dinheiro.
O Bispo abriu o cofre e derramou sobre Packignton milhares de libras esterlinas e ele então, saiu a procura de Tindale. Havia, no entanto, um fator curioso que o Bispo não sabia. Packignton era um dos maiores amigos de Tindale!
Imagine só as boas risadas que deram quando Packigton chegou na Alemanha e contou tudo para Tindale!
E desse ponto em frente, a história toma um rumo diferente.
Packignton insistiu em comprar as Bíblias de Tindale, o qual negou veementemente:
- Não! Você mesmo falou que o Bispo vai queimá-las!
- É verdade, Mas veja bem... A grande maioria delas já estão sendo queimadas mesmo! Mas, se eu comprá-las de você agora, pelo menos você terá todo este dinheiro. E por cada Bíblia que eu comprar, você terá o suficiente para imprimir dez!
E foi o que aconteceu. Tindale ficou com o dinheiro e assim conseguiu imprimir 10 vezes mais Bíblias que antes. Em pouco tempo a Inglaterra ficou “inundada” de Bíblias, todas pagas pela própria pessoa que queria acabar com elas!
“Seca-se a erva, cai sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre!” Is 40.8
E o Bispo? Enviou para a Alemanha dois agentes secretos com ordens para prender Tindale a todo custo, pois em vez da avalanche de Bíblias diminuir, aumentava cada vez mais.
Os agentes descobriram a cidade onde Tindale estava morando e certa noite conseguiram raptá-lo. Tindale é preso e após dois anos de prisão, resolveram executá-lo.
No dia da execução, trouxeram Tindale da prisão para queimá-lo vivo. Colocaram-no sobre uma pilha de lenha amarrado a um poste. Para ter certeza de sua morte, as autoridades resolveram mandar estrangulá-lo antes de queimá-lo.
E quando o carrasco (a pessoa encarregada de executar a pena de morte) começou a agir, a história nos conta que algo inesperado aconteceu. Enquanto Tindale estava sendo estrangulado, conseguiu o impossível: gritar em voz alta para todo mundo ouvir. Ele fez uma oração: “Meu Deus, abra os olhos do rei da Inglaterra”.
Com essas palavras morreu. Delírios de uma pessoa à morte? Muito mais que isso... Palavras de fé.
A partir dessa oração, Deus começa a mudar a Inglaterra de tal forma que cinqüenta anos depois, surge a Bíblia mais bonita já escrita em língua inglesa. Dessa vez incentivada, paga e patrocinada sabe por quem? Adivinhe... Pelo próprio rei da Inglaterra! E essa tradução foi feita com tanto cuidado que existe ainda hoje e é conhecida como a Bíblia do Rei Tiago da Inglaterra (King James Version). Deus respondeu a oração de Tindale.
O que aconteceu na Inglaterra também teve seus reflexos em outros países. Na Alemanha, Lutero produziu uma Bíblia em Alemão. Também surgiram traduções da Espanha e Itália.
E em Português?
Nossa atenção agora, focaliza-se setenta anos mais tarde, em um moço de ascendência portuguesa que vivia na Indonésia. Com apenas 16 anos de idade (e dois de convertido), seu coração queimava com a idéia de traduzir a Bíblia para o Português.
Com seu conhecimento de latim, espanhol e italiano, conseguiu completar a tradução em UM ANO! Ele enviou seus manuscritos para serem impressos na Holanda. Mas, nessa longa viagem a tradução extraviou-se!
O jovem português não desistiu. Em vez de chorar, falou consigo mesmo: “Vou fazer uma nova tradução e desta vez, ainda melhor que a primeira”.
E fez. Dedicou-se a aprender grego e hebraico. E essa segunda tradução ficou tão boa que é usada hoje pela maioria de nossas igrejas brasileiras. Qual o nome desse jovem tão dedicado? João Ferreira de Almeida: pastor, missionário e tradutor da Bíblia.
RESUMO E CONCLUSÃO
Chegamos finalmente aos dias de hoje. Como a Bíblia chegou até nós? Através de quatro passos:
1. INSPIRAÇÃO: o processo misterioso em que Deus manifestou-se a homens escolhidos e como resultado, escreveram exatamente o que Deus queria, nem mais nem menos.
2. SELEÇÃO: o processo em que o próprio Deus dirigiu e supervisionou a escolha dos livros certos.
3. REPRODUÇÃO: o processo de se refazer a cópia da Bíblia na mesma língua (Antigo Testamento - Hebraico e Aramaico; Novo Testamento - Grego)
4. TRADUÇÃO: o processo de passar o texto bíblico para uma outra língua.
Foi exatamente isso que um russo, o Conde Constantin Von Tischendorf quis descobrir em meados do século passado. Ele estava percorrendo o mundo todo a procura de cópias da Bíblia em suas línguas originais. Queria encontrar as cópias mais antigas para poder comparar e ver se haviam sofrido mudanças significativas.
Ao percorrer o Egito, passou a noite em um mosteiro russo chamado Mosteiro de Santa Catarina. No dia seguinte, ao acordar, foi para a cozinha e começou a conversar com um dos monges enquanto este preparava o café da manhã.
É impossível avaliar o susto que levou ao ver o monge pegar do lixo uma folha de papiro para atear fogo à lenha, pois percebeu tratar-se de uma cópia da Bíblia... e uma das mais antigas que já havia visto!
- Pare! Você não pode queimar isso. É uma cópia antiquíssima da Bíblia! - gritou.
Não esquenta, a gente tem um montão disso daí! respondeu o monge.
- Um montão? Eu poderia ver uma dessas Bíblias? Von Tischendorf perguntou.
- Claro, eu te mostro agora...
E o monge conduziu o conde russo a uma porta trancada. O monge abriu a porta, foi num cantinho e tirou da gaveta uma Bíblia tão antiga que o russo quase desmaiou.
Sem deixar transparecer sua emoção o conde então perguntou:
- Daria para eu ficar aqui um pouco?
- Não tem problema. Fique o quanto o senhor quiser, foi a resposta.
E o conde ficou. Ficou a manhã toda, a tarde toda, a noite toda. Passou a noite em claro.
Mais tarde, foram encontradas as seguintes palavras em seu diário: “Eu estava na presença de um documento tão antigo, uma cópia tão aproximada do original, que achei um sacrilégio dormir”.
E com razão. Porque dentro daquele salão, o Conde Von Tiscendorf tinha descoberto a cópia mais antiga até hoje existente, a chamada “Códice Sinaítico”. Essa cópia foi feita no ano 350 depois de Cristo.
E sabe de uma coisa?! Comparando essa cópia antiga com a Bíblia que temos hoje em nossas mãos, são quase iguais!! As poucas diferenças nada tem a ver com doutrinas ou acontecimentos históricos mas com formas gramaticais e detalhes de expressão.
Através dos séculos, Deus tem preservado Sua Palavra!
Novamente reconhecemos a verdade maravilhosa de Isaías 40.8:
“ Seca-se a erva, cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre!”.
Vamos então dar graças a Deus pela maneira através da qual Ele nos deu sua Santa Palavra. Vamos dar o devido valor às Escrituras, entendendo que muitos deram a vida para que nós pudéssemos lê-la em nossa própria língua.
Sabe de uma coisa? Existem ainda hoje no Brasil muitos povos que não têm a Bíblia em sua língua! Quem se importará com as tribos Arauete, Guaja, Guariba, Kamayura, Karypuna, Kaxarari, e Krarro? Quem levará a mensagem de Deus e traduzirá a Bíblia para os Krikati, Kuikuro, e Nukuini? Quem pagará o preço para ser um Wiclif, um Tindale, um Ferreira de Almeida para aqueles que ainda não têm as Escrituras como os Papavo, os Parakana e a tribo Tiburão?
Que Deus levante muitos instrumentos de divulgação, para que transmitam a outros a Palavra que o próprio Deus nos entregou.
A Bíblia é um dos livros mais antigos já conhecidos pela humanidade e, sem dúvida, o mais curioso!
Mesmo tendo vários séculos de idade o conteúdo informativo da Bíblia, em sua forma atual, é o mesmo das primeiras cópias escritas em hebraico, aramaico e grego.
Como editor, sei quanto é difícil manter a originalidade de um livro após sucessivas edições revisadas. Por exemplo, a obra “Os Lusíadas” de Camões, historicamente muito mais jovem do que a Bíblia, já sofreu alterações em seu conteúdo que o texto atual pouco tem a ver com o manuscrito original.
Aristóteles, famoso filósofo, cuja obra é estudada nas principais universidades do mundo, escreveu seus livros por volta de 343 a.C.; entretanto a cópia mais antiga que temos, é datada de 1100 A.D., mostrando portanto, um lapso de 1400 anos, e existem apenas 5 originais!
Quando examinamos a autoridade dos manuscritos do Novo Testamento, por exemplo, a abundância de material é surpreendente em contraste com qualquer outro livro do passado.
Atualmente existem mais de 20.000 cópias dos manuscritos do Novo Testamento em todo mundo, com absoluta fidelidade de conteúdo entre eles.
“A Ilíada” é considerada a obra que vem em segundo lugar em termos de maior número de evidência manuscrítica após a Bíblia com somente 643 manuscritos.
DE ONDE VEIO A BÍBLIA?
1. O que acontece depois da morte?
2. Deus existe? Quem é ele?
3. É possível comunicar-se com Deus?
4. Teremos corpos diferentes na eternidade?
Existem na vida, poucas perguntas mais relevantes do que estas, que têm sido inclusive, objeto de busca de homens e mulheres ao longo de todos os tempos.
Apesar dessa procura estender-se aos mais variados níveis e lugares (astrologia, ciência, parapsicologia, religião, esoterismo, etc.), o fato curioso é que todas as respostas estão mais perto do que se imagina. Encontram-se num único livro chamado BÍBLIA.
Sem dúvida alguma, a Bíblia é o livro mais especial que já existiu.
- Não há outro livro no mundo que tenha vendido mais cópias através de todos os tempos.
- É o livro de maior número de traduções já realizadas.
- Nenhum livro foi tão lido quanto este, tendo sido distribuído para inúmeros países e povos.
- Hoje, só para atender a demanda é preciso imprimir 323 mil Bíblias POR DIA. Ou seja, 224 exemplares POR SEGUNDO!
As vezes a única resposta é:
A BÍBLIA VEIO DE DEUS, PRONTO!Mas, como esse livro tão importante chegou até nós? Será que...
1. Deus usou um anjo para nos entregar esse livro; uma forma especial de entrega rápida, tipo “DLH”?
OU
2. Escreveu tudo lá no céu e depois enterrou o manuscrito no alto de um monte para alguém descobri-lo?
Como então, esse livro chegou até nós? Trata-se de uma fascinante história e agora vamos descobri-la.
De fato a Bíblia não é apenas um simples livro.1. INSPIRAÇÃO
A própria palavra BÍBLIA significa em grego “livros”, uma coleção de livros.
Deus usou quatro processos importantes para entregá-la em nossas mãos: INSPIRAÇÃO, SELEÇÃO, REPRODUÇÃO E TRADUÇÃO.
Todos os livros contidos na Bíblia vieram de Deus. Tudo começou com Ele. O Deus, Criador do mundo, resolveu criar um livro especial com todas as informações que precisamos para conhecê-lo e para orientar nossas vidas. Algo como o Manual do Proprietário de um veículo.
Várias vezes, através dos séculos, Deus manifestou-se a certos homens, fazendo com que eles escrevessem exatamente o que Ele queria - 100% perfeito. Foi um método misterioso e maravilhoso. Não conhecemos maiores detalhes, mas antes do nascimento de Jesus, Deus já havia utilizado esse processo 39 vezes. O resultado foi 39 livros, aos quais chamamos de Antigo Testamento. Depois de Cristo, Deus repetiu o procedimento em mais 27 vezes (o Novo Testamento). Resultado, 27 livros, totalizando assim os 66 livros.
Inspiração, então, foi o processo misterioso em que Deus manifestou-se a homens escolhidos e como resultado, escreveram exatamente o que Deus queria; nem mais nem menos. ((1Tm3.16; 2Pe 1.20,21; Hb 1.1,2; 2Pd 3.16).
Quantas vezes? Sessenta e seis.
Resultado? 66 livros diferentes.
Mas como eram os livros daquela época? Feitos do papel como hoje? Não.
No início, os livros eram feitos de barro. Cada página era um tábua de barro seco. Pegavam e molhavam a terra, colocavam-na na forma, pegavam uma varinha para escrever em cima do barro molhado e deixavam secar. Pronto, cada página parecia um tijolo fino. Dessa forma, os livros não eram tão fáceis se serem feitos, nem de serem carregados. E, se você deixasse cair, sua folha “explodiria” em mil pedaços!
Depois, descobriram que poderiam usar uma certa planta de brejo chamada “papiro”. Essa planta possui um caule em forma de tubo. Cortavam e abriam ao meio, esmagavam, enlaçavam com outros caules e os deixavam secar. Uma vez secos, podiam colar um ao outro para formar uma tira bem grande, chegando até uns dez metros de comprimento.
Daí colocavam um pedaço de madeira numa ponta, e enrolavam a folha toda para formar o que chamavam de “rolo”, dando origem à conhecida expressão: “que rolo, meu!”.
Os rolos eram muito melhores que os tijolos. Menos peso. Mais espaço. Num só rolo, conseguiam escrever um livro inteiro.
Mesmo assim, não era muito fácil carregar mais do que um ou dois rolos. Agora, imagine você chegando em sua igreja com uma Bíblia dessa forma: 66 rolos debaixo do braço... Impossível! Seria preciso um caminhão!
Foi por isso que o próximo avanço foi tão significativo. Um dia alguém, não sabemos quem, olhou para um rolo de dez metros de comprimento, e pensou: “Puxa, se eu cortasse aqui, aqui e aqui, pegasse estas folhas, colocasse uma em cima da outra e desse uma grampeada ali e ali, ficaria um livro muito melhor! E ficou! Resultado: um livro “normal” (ao nosso ver), que comportava 60, 70, 80 rolos.
2. SELEÇÃO
Com esse novo tipo de livro (chamado “códice”) foi natural então querer colocar todos os 66 rolos juntos, para ter assim a Bíblia inteira num só volume. Nesse meio tempo, porém, outras pessoas inventaram outros “livros divinos” sem a inspiração de Deus. Surgindo então, a necessidade de se fazer uma seleção, dando aos livros verdadeiramente inspirados por Deus, o valor que mereciam, negando aos outros entrada na “lista oficial”.
Os estudiosos chamam essa etapa de “canonização”, e ela durou uns 150 anos. Foi um processo fascinante e misterioso em que o próprio Deus dirigiu e supervisionou a escolha dos livros certos usando concílios e conselhos ( até mesmo as intrigas e politicagens dos homens), para cumprir Sua perfeita vontade.
De fato, até então não havia muita dúvida sobre os livros do Antigo Testamento. Essa lista já fora definida antes do nascimento de Jesus. A lista a ser definida era a do Novo Testamento. E o que pesou mais nessas decisões, foi se o livro “candidato” tinha ou não algum vínculo direto com um dos discípulos originais ( sendo escrito por um apóstolo ou por alguém debaixo da autoridade de um apóstolo).
Até o ano de 230, todos os livros que hoje constam na nossa Bíblia, já haviam sido oficialmente acrescentados à lista, fazendo parte da Bíblia oficial. O Concílio de Hipo fez uma última confirmação da lista em 367.
3. REPRODUÇÃO
Um livro, em forma de rolo ou da forma que hoje conhecemos, tinha uma vida relativamente curta. Quando a tinta começava ficar fraca, ou o papel a rasgar e desfazer-se, indicava a necessidade de se fazer a cópia.
Qual o processo atual para se conseguir uma cópia? É só dar um “pulinho” a uma gráfica. Outra opção, é tirar um xerox. Só que naquela época, não haviam gráficas e nem xerox. Como então as cópias eram feitas? - A MÃO! Nos mosteiros daquela época, os monges e sacerdotes dedicaram muito tempo para copiar os 66 livros da Bíblia. Não era fácil. Às vezes um lia, enquanto os outros copiavam Outras vezes cada um trabalhava independentemente sem falar. Era um processo estranho aos nossos olhos. Não usavam pontos, vírgulas - nada de acentuação gráfica. Não utilizavam nem espaços entre as palavras. As letras eram todas maiúsculas e penduradas na linha. E foi nesse ponto que as coisas começaram a esquentar...
4. TRADUÇÃO
Tradução é o processo de passar o texto bíblico para um outra língua. Nos dias de Jesus, o mundo todo falava a mesma língua. Qual era essa língua? O GREGO. A língua grega se tornou tão importante que os judeus traduziram o Antigo Testamento (escrito em hebraico e aramaico) para o grego. Essa tradução foi chamada de Septuaginta.
Após 400 anos, porém, a língua dominante não era mais o grego, mas sim o LATIM. E um estudioso chamado GERÔNIMO, se deu o trabalho de traduzir a Bíblia do grego para o latim. Foi um trabalho muito bem feito. Essa tradução chamou-se Versão Vulgata ( Vulgata significa língua do povo) e era usada dentro da igreja católica como tradução referencial, oficial.
Agora, vamos “pular” uns mil anos. Estamos no ano de 1400. O latim não é mais a língua mais falada. Numa ilha perto da costa européia, fala-se uma língua estranha chamada INGLÊS. Não existia Bíblia em inglês. Só em latim. Ninguém entendia as Escrituras a não ser os padres que haviam estudado latim para poderem se formar em Teologia. E o homem comum? Não tinha condições de ler nem entender nenhuma palavra da Bíblia, que era um livro “trancado”, inacessível, fora de alcance.
Essa situação passou a perturbar um certo religioso inglês chamado Wiclif. Ele começou a pensar: “Puxa, que pena! A Bíblia é tão jóia, mas só nós, os padres é que conseguimos lê-la. Isso é errado! Temos que mudar esta situação”. E ele não ficou só nas palavras! Partiu para a ação... Traduziu a Bíblia inteira do latim para o inglês! Ao mesmo tempo, Wiclif começou a incentivar outros padres a pregarem sermões da Bíblia. Ele costumava dizer: “Eu acho que o homem mais pobre da cidade deveria ter a chance de ler a Bíblia e ouvi-la em sua própria língua”.
Para nós, nos dias de hoje, essas colocações não parecem tão radicais. Mas, para o tempo de Wiclif, eram idéias muito revolucionárias (e perigosas para as pessoas no poder que se sentiram ameaçadas). Wiclif porém, permaneceu firme e seus seguidores começaram a fazer cópias da Bíblia inglesa, copiando cada versículo a mão!
As autoridades reagiram e tentaram apreender as cópias. Baixaram uma lei: Se pegassem alguém com uma Bíblia alguém com uma Bíblia em inglês, queimariam a Bíblia. Se houvesse reincidência, ou seja, a mesma pessoa fosse pega com a Bíblia em inglês uma segunda vez, queimariam a Bíblia juntamente com a pessoa (viva). Muitos seguidores de Wiclif morreram dessa forma. Copiaram a Bíblia e depois pagaram o preço: a própria vida. Wiclif mesmo, não conseguiram prender. Ele fugiu de um lugar para outro, vindo a falecer por causas naturais em idade avançada. Mas as autoridades estavam tão furiosas com ele, que desenterraram seus restos mortais, queimaram seus ossos e jogaram as cinzas no Rio Tâmisa. Mas naquela altura do campeonato, Wiclif não sentiu nada! “não estava nem aí”. De fato, ele já se encontrava no céu observando tudo e dando a maior gargalhada!
As Bíblias de Wiclif, traduzidas do latim para o inglês, aumentavam por todo país, pois seus seguidores continuavam a fazer cópias, mesmo sob ameaça de morte.
Vamos pular mais cem anos. Estamos no ano de 1500. As Bíblias de Wiclif, continuaram cada vez mais notórias na Inglaterra. A pena de morte permanece. Surge agora um novo “herói” chamado Tindale. Ele ficou encantado com a Bíblia de Wiclif. Só que pensou assim: “A idéia está certa - uma Bíblia na linguagem do povo. Mas Wiclif fez uma tradução do latim, que já é uma tradução do grego e hebraico. E Tindale se dedicou ao desafio de aprender grego e hebraico para fazer uma nova tradução: a primeira Bíblia em inglês a ser traduzida direto das línguas originais.
Demorou alguns anos. Anos de estudo e trabalho árduos. Ele estava conseguindo, quase completando a tradução, quando um dia, do segundo andar da sua casa, viu alguns dos seguidores de Wiclif sendo queimados vivos. As autoridades estavam ameaçando novamente e aproximando-se muito dele.
Tomando consciência que o perigo estava ficando muito grande e que poderia correr o risco de perder tudo (a tradução e a vida), Tindale fugiu para Alemanha (território de Lutero), onde havia mais liberdade e segurança. Há mais um fato importante a respeito da Alemanha, digno de ser mencionado. Nos dias de Wiclif e Tindale, um alemão chamado Gutemberg, inventou uma máquina que literalmente transformou o mundo: A IMPRENSA. Agora, havia a possibilidade de se fazer cópias da Bíblia com uma rapidez jamais imaginada. Tindale terminou a tradução na Alemanha, entregou-a para a gráfica imprimir e ficou aguardando ansiosamente. Ele pensava: “Puxa vida, cem anos atrás uma cópia em inglês só se conseguiria após muitos meses de trabalho. Daqui a pouquinho, centenas de cópias ficarão prontas em apenas alguns dias”.
Mas, de repente, tudo quase foi por água abaixo...
Uma noite, o rapaz da gráfica estava no barzinho da esquina bebendo sua caipirinha e conversando com o padre que também estava lá tomando “um cafezinho”. Ficando cada vez mais “alegre”, começou a “soltar a língua” e a falar de seu projeto “secreto” de imprimir um livro religioso numa língua esquisita. O padre fez algumas perguntas e logo descobriu que realmente se tratava de uma Bíblia inteira que estava para sair em inglês.
O padre deixou o barzinho e foi direto contar tudo para seus superiores. Eles fizeram planos de “visitar” a gráfica e “conhecer” a tradução mais de perto na noite seguinte. Pela misericórdia de Deus, “um passarinho” avisou Tindale da tramóia e ele correu para a gráfica conseguindo chegar lá antes dos padres. Com sua tradução debaixo do braço, partiu para outra cidade da Alemanha.
Finalmente, nesse outro local, a nova Bíblia pôde ser produzida e surgiram centenas de Bíblias em inglês. Tindale vibrava! mas, havia um “porém” na situação...
Bíblias em inglês não tinham muito valor na Alemanha! Como levá-las para a Inglaterra?
Tindale então, tornou-se um “contrabandista” de Deus! Ele colocava as Bíblias dentro de caixas, em meio à palha e às roupas das pessoas. Dessa forma, as novas Bíblias começaram a “pipocar” dentro da Inglaterra.
Agora, pense na reação das autoridades inglesas. Já estavam até o pescoço apreendendo as Bíblias de Wiclif (copiadas a mão). Imagine agora a reação do Bispo quando descobriu essa nova onda de Bíblias: Bíblias impressas numa gráfica. Ele explodiu de raiva!!
A Inglaterra foi colocada sob quarentena. Soldados espalhados por todos os portos do país. Qualquer pessoa que entrasse na Inglaterra deveria submeter-se a uma vistoria oficial. O governo lançou de uma campanha contra essa “praga”: Drogas? Aids? Não, a Bíblia!
A cada semana tornava-se mais evidente que a campanha não estava funcionando. Todos os domingos queimavam no centro de Londres todas as Bíblias apreendidas durante a semana. Só que a fogueira ficava cada vez maior.
Desesperado o Bispo chamou o empresário mais rico da Inglaterra, o Sr. Packington que atuava na área de importações.
Segundo a história, a conversa foi mais ou menos assim:
- Sr Packinton (diz o Bispo) , temos que fazer alguma coisa para acabar com esses malditos livros. Por favor, viaje imediatamente para Alemanha, descubra a fonte e compre para mim todas essas Bíblias para que eu possa acabar com elas de vez.
Packignton respondeu:
- Tudo bem, só que isso vai custar muito dinheiro.
- Não tem problema com dinheiro.
O Bispo abriu o cofre e derramou sobre Packignton milhares de libras esterlinas e ele então, saiu a procura de Tindale. Havia, no entanto, um fator curioso que o Bispo não sabia. Packignton era um dos maiores amigos de Tindale!
Imagine só as boas risadas que deram quando Packigton chegou na Alemanha e contou tudo para Tindale!
E desse ponto em frente, a história toma um rumo diferente.
Packignton insistiu em comprar as Bíblias de Tindale, o qual negou veementemente:
- Não! Você mesmo falou que o Bispo vai queimá-las!
- É verdade, Mas veja bem... A grande maioria delas já estão sendo queimadas mesmo! Mas, se eu comprá-las de você agora, pelo menos você terá todo este dinheiro. E por cada Bíblia que eu comprar, você terá o suficiente para imprimir dez!
E foi o que aconteceu. Tindale ficou com o dinheiro e assim conseguiu imprimir 10 vezes mais Bíblias que antes. Em pouco tempo a Inglaterra ficou “inundada” de Bíblias, todas pagas pela própria pessoa que queria acabar com elas!
“Seca-se a erva, cai sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre!” Is 40.8
E o Bispo? Enviou para a Alemanha dois agentes secretos com ordens para prender Tindale a todo custo, pois em vez da avalanche de Bíblias diminuir, aumentava cada vez mais.
Os agentes descobriram a cidade onde Tindale estava morando e certa noite conseguiram raptá-lo. Tindale é preso e após dois anos de prisão, resolveram executá-lo.
No dia da execução, trouxeram Tindale da prisão para queimá-lo vivo. Colocaram-no sobre uma pilha de lenha amarrado a um poste. Para ter certeza de sua morte, as autoridades resolveram mandar estrangulá-lo antes de queimá-lo.
E quando o carrasco (a pessoa encarregada de executar a pena de morte) começou a agir, a história nos conta que algo inesperado aconteceu. Enquanto Tindale estava sendo estrangulado, conseguiu o impossível: gritar em voz alta para todo mundo ouvir. Ele fez uma oração: “Meu Deus, abra os olhos do rei da Inglaterra”.
Com essas palavras morreu. Delírios de uma pessoa à morte? Muito mais que isso... Palavras de fé.
A partir dessa oração, Deus começa a mudar a Inglaterra de tal forma que cinqüenta anos depois, surge a Bíblia mais bonita já escrita em língua inglesa. Dessa vez incentivada, paga e patrocinada sabe por quem? Adivinhe... Pelo próprio rei da Inglaterra! E essa tradução foi feita com tanto cuidado que existe ainda hoje e é conhecida como a Bíblia do Rei Tiago da Inglaterra (King James Version). Deus respondeu a oração de Tindale.
O que aconteceu na Inglaterra também teve seus reflexos em outros países. Na Alemanha, Lutero produziu uma Bíblia em Alemão. Também surgiram traduções da Espanha e Itália.
E em Português?
Nossa atenção agora, focaliza-se setenta anos mais tarde, em um moço de ascendência portuguesa que vivia na Indonésia. Com apenas 16 anos de idade (e dois de convertido), seu coração queimava com a idéia de traduzir a Bíblia para o Português.
Com seu conhecimento de latim, espanhol e italiano, conseguiu completar a tradução em UM ANO! Ele enviou seus manuscritos para serem impressos na Holanda. Mas, nessa longa viagem a tradução extraviou-se!
O jovem português não desistiu. Em vez de chorar, falou consigo mesmo: “Vou fazer uma nova tradução e desta vez, ainda melhor que a primeira”.
E fez. Dedicou-se a aprender grego e hebraico. E essa segunda tradução ficou tão boa que é usada hoje pela maioria de nossas igrejas brasileiras. Qual o nome desse jovem tão dedicado? João Ferreira de Almeida: pastor, missionário e tradutor da Bíblia.
RESUMO E CONCLUSÃO
Chegamos finalmente aos dias de hoje. Como a Bíblia chegou até nós? Através de quatro passos:
1. INSPIRAÇÃO: o processo misterioso em que Deus manifestou-se a homens escolhidos e como resultado, escreveram exatamente o que Deus queria, nem mais nem menos.
2. SELEÇÃO: o processo em que o próprio Deus dirigiu e supervisionou a escolha dos livros certos.
3. REPRODUÇÃO: o processo de se refazer a cópia da Bíblia na mesma língua (Antigo Testamento - Hebraico e Aramaico; Novo Testamento - Grego)
4. TRADUÇÃO: o processo de passar o texto bíblico para uma outra língua.
Uma pergunta final: Será que através de todo esse processo, Deus conseguiu preservar sua palavra? O que temos hoje em nossas mãos, ainda é a mensagem que Deus deu para o homem há milhares de anos atrás? Sem alterações?
Foi exatamente isso que um russo, o Conde Constantin Von Tischendorf quis descobrir em meados do século passado. Ele estava percorrendo o mundo todo a procura de cópias da Bíblia em suas línguas originais. Queria encontrar as cópias mais antigas para poder comparar e ver se haviam sofrido mudanças significativas.
Ao percorrer o Egito, passou a noite em um mosteiro russo chamado Mosteiro de Santa Catarina. No dia seguinte, ao acordar, foi para a cozinha e começou a conversar com um dos monges enquanto este preparava o café da manhã.
É impossível avaliar o susto que levou ao ver o monge pegar do lixo uma folha de papiro para atear fogo à lenha, pois percebeu tratar-se de uma cópia da Bíblia... e uma das mais antigas que já havia visto!
- Pare! Você não pode queimar isso. É uma cópia antiquíssima da Bíblia! - gritou.
Não esquenta, a gente tem um montão disso daí! respondeu o monge.
- Um montão? Eu poderia ver uma dessas Bíblias? Von Tischendorf perguntou.
- Claro, eu te mostro agora...
E o monge conduziu o conde russo a uma porta trancada. O monge abriu a porta, foi num cantinho e tirou da gaveta uma Bíblia tão antiga que o russo quase desmaiou.
Sem deixar transparecer sua emoção o conde então perguntou:
- Daria para eu ficar aqui um pouco?
- Não tem problema. Fique o quanto o senhor quiser, foi a resposta.
E o conde ficou. Ficou a manhã toda, a tarde toda, a noite toda. Passou a noite em claro.
Mais tarde, foram encontradas as seguintes palavras em seu diário: “Eu estava na presença de um documento tão antigo, uma cópia tão aproximada do original, que achei um sacrilégio dormir”.
E com razão. Porque dentro daquele salão, o Conde Von Tiscendorf tinha descoberto a cópia mais antiga até hoje existente, a chamada “Códice Sinaítico”. Essa cópia foi feita no ano 350 depois de Cristo.
E sabe de uma coisa?! Comparando essa cópia antiga com a Bíblia que temos hoje em nossas mãos, são quase iguais!! As poucas diferenças nada tem a ver com doutrinas ou acontecimentos históricos mas com formas gramaticais e detalhes de expressão.
Através dos séculos, Deus tem preservado Sua Palavra!
Novamente reconhecemos a verdade maravilhosa de Isaías 40.8:
“ Seca-se a erva, cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre!”.
Vamos então dar graças a Deus pela maneira através da qual Ele nos deu sua Santa Palavra. Vamos dar o devido valor às Escrituras, entendendo que muitos deram a vida para que nós pudéssemos lê-la em nossa própria língua.
Sabe de uma coisa? Existem ainda hoje no Brasil muitos povos que não têm a Bíblia em sua língua! Quem se importará com as tribos Arauete, Guaja, Guariba, Kamayura, Karypuna, Kaxarari, e Krarro? Quem levará a mensagem de Deus e traduzirá a Bíblia para os Krikati, Kuikuro, e Nukuini? Quem pagará o preço para ser um Wiclif, um Tindale, um Ferreira de Almeida para aqueles que ainda não têm as Escrituras como os Papavo, os Parakana e a tribo Tiburão?
Que Deus levante muitos instrumentos de divulgação, para que transmitam a outros a Palavra que o próprio Deus nos entregou.
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